O Tribunal Especial para o Líbano, composto pela ONU (Organização das Nações Unidas) para investigar o assassinato de Rafik Hariri em 2005, então primeiro-ministro libanês, expediu nesta quinta-feira (30/06) quatro mandados de prisão contra suspeitos de envolvimento no crime. A informação foi confirmada pelo procurador-geral do país, Saeed Mirza, de acordo com agências de notícias internacionais.
Os nomes dos indiciados estão sob sigilo. Acredita-se, no entanto, que estejam entre eles integrantes do Hizbollah, uma vez que o tribunal havia, em janeiro deste ano, sinalizado que o partido xiita seria acusado de envolvimento na morte de Rafik.
Leia mais:
Novo governo no Líbano será dominado pelo Hezbollah e aliados
Demora na formação de governo no Líbano gera descontentamento
Aviões israelenses invadem espaço aéreo do Líbano
Hezbollah se retira de coalizão e derruba governo no Líbano
Líbano muda lei que restringia trabalho para refugiados palestinos
Brasil participará como observador na missão de paz da ONU no Líbano
Hariri foi morto em um atentado cometido em fevereiro de 2005, no centro da capital Beirute, em uma grande explosão que atingiu sua comitiva. Além dele, morreram 22 pessoas. O tribunal especial foi criado em Haia em 2009 pelas Nações Unidas.
Em janeiro deste ano, quando o tribunal da ONU fez as acusações, foi desencadeada uma crise política no país. O Hizbollah nega qualquer participação no atentado que matou o então premiê e contesta o processo, argumentando ser parte de um plano organizado por Estados Unidos, Israel e França. Os 11 ministros do partido deixaram seus cargos, acabando com o governo de coalizão.
O premiê era Saad Hariri, filho de Rafik, que contava com apoio de sunitas e de cristãos radicais. Em junho, após cinco meses de impasse, o nome de Najib Mikati – com respaldo do Hizbollah – foi indicado para assumir a chefia de governo, enquanto Saad tornou-se líder da oposição.
Saad reagiu com elogios aos indiciamentos, dizendo que este é um momento histórico para o Líbano. “Depois de muitos anos de paciência e de luta, nós testemunhamos hoje um momento histórico na política, na justiça e na segurança do Líbano”, disse o ex-primeiro-ministro citado pela agência de notícias France Presse. Ele pediu também ajuda do governo para que as prisões sejam feitas.
Em nota, o gabinete de Mikati afirmou que “salienta a [importância da] verdade no crime contra Rafik Hariri”, e que irá monitorar os progressos do tribunal. Mikati já havia dito que seu governo irá respeitar os compromissos internacionais assumidos pelo Líbano, a não ser em caso de amplo consenso, e que todos são inocentes até que se prove o contrário.
O Líbano tem 30 dias para cumprir os mandados. Caso os suspeitos não sejam presos neste período, o tribunal tornará públicos os nomes dos indiciados e os convocará a comparecer diante da corte.
O temor é de que uma nova crise desestabilize o governo, formado duas semanas atrás, e provoque conflitos violentos. Em 2008, o Líbano, que é dividido igualmente entre sunitas, xiitas e cristãos, enfrentou um impasse político, deixando o país meses sem presidente. Na época, enfrentamentos deixaram mais de 80 mortos.
Siga o Opera Mundi no Twitter
Conheça nossa página no Facebook
NULL
NULL
NULL