Vários líderes do Congresso dos Estados Unidos sugeriram nesta quarta-feira (02/01) suspender a ajuda ao Egito para pressionar o país a uma transição democrática, apesar do compromisso assumido pelo presidente egípcio, Hosni Mubarak, de deixar o poder em setembro.
Embora tenham elogiado a decisão de Mubarak de não se candidatar à reeleição, os legisladores mantêm as pressões para que ele permita eleições “livres e justas” no Egito, e sugeriram que os EUA suspendam a ajuda ao país se for necessário.
Até o momento, ninguém fala abertamente em cortar a ajuda ao Egito, mas nos corredores do Congresso surgem expressões de preocupação pela evolução do conflito no país árabe e pela possibilidade de a Irmandade Muçulmana – considerada ilegal por Mubarak – subir ao poder.
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O senador democrata Patrick Leahy, presidente da subcomissão no Senado encarregada da ajuda externa dos EUA, ressaltou que a população está saturada do regime de Mubarak e que a economia do país está “estagnada”.
“Os EUA têm muito em jogo no futuro do Egito e nas relações com os povos e Governos em todo o mundo muçulmano. Devemos fazer o que pudermos para apoiar uma transição para a democracia suspendendo, inclusive, a ajuda ao Governo, se for necessário”, disse Leahy.
Os EUA fornecem ao Egito mais de 1,5 bilhão de dóalres ao ano, principalmente em ajuda econômica e militar. Já na semana passada o Governo de Washington sugeriu que revisaria a ajuda externa ao país dependendo da resposta de Mubarak à revolta popular que teve início em 25 de janeiro.
Leahy questionou se Mubarak poderia atuar na transição democrática no Egito porque, segundo ele, “o atual governo não tem credibilidade para supervisionar esse processo”.
Por sua vez, o presidente do Comitê de Segurança Nacional da Câmara de Representantes, o republicano Peter King, disse que seria “injustificável” manter a ajuda ao Egito se a Irmandade Mulçumana ou outro grupo “radical islâmico” tomar o poder no país.
Nesse sentido, a legisladora republicana Ileana Ros-Lehtinen, que preside o Comitê de Assuntos Exteriores da Câmara Baixa, pediu à oposição no Egito que rejeite “categoricamente” elementos extremistas que tentem se aproveitar da crise para subir ao poder.
Por enquanto, os legisladores coincidem na necessidade de esperar para ver qual será a evolução do conflito.
A Câmara Baixa prevê submeter à votação na semana de 14 de fevereiro uma resolução para manter os fundos relativos ao ano fiscal em curso, que inclui uma solicitação de 1,552 bilhão de dóalres para o Egito.
Esse valor, similar ao do ano fiscal 2010, se divide em 1,3 bilhão de dóalres em ajuda militar e outros 250 milhões de dóalres em assistência econômica.
Depois o Congresso começará a analisar a proposta orçamentária que o presidente Barack Obama enviará para o ano fiscal 2012, que começa em outubro.
Nesta quarta-feira, a Casa Branca condenou a violência gerada nas ruas do Cairo entre grupos a favor e contra Mubarak, e disse que os EUA estão muito preocupados com os ataques contra jornalistas e manifestantes pacíficos, por isso que reiterou seu pedido de moderação.
O Egito é o país mais povoado do mundo árabe e o principal aliado dos EUA na região desde 1979, quando o então presidente Anwar Sadat assinou um acordo de paz com Israel.
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