Tem início nesta terça-feira (26/03), na cidade sul-africana de Durban, a 5ª Cúpula dos Brics (grupo que reúne as cinco principais nações emergentes no mundo: Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul. O encontro, entre suas principais decisões, deverá formalizar a criação de um novo banco de investimentos internacional e alternativo ao Banco Mundial, que deverá ficar pronto em 2016, além de um fundo de reservas comum.
Os presidentes do Brasil, Dilma Rousseff; Rússia, Vladimir Putin; China, Xi Jinping; e África do Sul, Jacob Zuma, assim como o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, participam do encontro, que tem como lema “A associação dos Brics e da África para o desenvolvimento, a integração e a industrialização”. Como indica o lema da cúpula, os investimentos desses países no continente africano, será outro tema central da reunião, que deverá durar até quarta-feira (27).
Agência Efe
5ª Cúpula dos Brics deverá anunciar primeiro passo para criação de banco de investimentos próprio
Nesse dia, os bancos de desenvolvimento dos Brics vão assinar dois acordos para financiar obras na África. O Brasil diz não temer que a competição com a China pelos recursos naturais africanos seja obstáculo para os projetos de financiamento. Na segunda-feira (25), Xi Jinping, reafirmou na Tanzânia a promessa de 20 bilhões de dólares em empréstimos à África entre 2013 e 2015.
Os ministros das Finanças dos cinco países devem anunciar hoje o resultado do estudo de viabilidade do banco e a intenção de ir em frente com a criação da instituição multilateral.
“Um grande resultado para nós seria o estabelecimento do Banco de Desenvolvimento dos Brics para ajudar a mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em nossos países em outras economias emergentes”, afirmou Zuma na segunda-feira (25).
A cúpula, realizada com a crise econômica global como pano de fundo, abordará também a implementação de um fundo conjunto de reservas em divisas estrangeiras, assim como de um centro de estudos próprio e de um conselho de negócios dos Brics.
O objetivo por trás da criação da instituição bancária o grupo consiga mais acesso ao crédito e ter voz nas questões mundiais, principalmente nas negociações com europeus e norte-americanos. Há uma insatisfação geral no grupo em relação às instituições financeiras globais, como o FMI e Banco Mundial, além do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Inicialmente, a previsão é que o capital da nova instituição bancária seja em torno de 50 bilhões de dólares, com possibilidade de abertura à participação de cada país do Brics. Todos os integrantes do bloco deverão ter direito a voto no Conselho de Administração da instituição.
Na cúpula, a presidenta Dilma Rousseff e o presidente da China, Xi Jinping, devem fechar o acordo sobre a criação de mecanismos de troca em moeda nacional, com o objetivo de proteger o fluxo comercial das flutuações de moedas estrangeiras, segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.
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O acordo prevê uma quantia inicial em torno de US$ 30 bilhões – cerca de metade da troca comercial total entre os dois países, que fechou 2012 em US$ 75 bilhões. A união dos quatro países do Brics representa 40% da população mundial. As economias geram, em conjunto, 25% do PIB (Produto Interno Bruto).
Depois da cúpula, a África do Sul assumirá a presidência rotativa do grupo. Em um ano, será a vez do Brasil. A África do Sul foi integrada ao Brics em 2011. De acordo com a organização do evento, participarão das discussões 125 delegados da China, o mesmo número da Rússia, 74 da Índia, 60 do Brasil e 242 da África do Sul.
Pujança
O desempenho econômico desses países mostra o potencial dessas iniciativas. Segundo dados do próprio grupo, os cinco países representam 42% da população mundial e 45% da força de trabalho existente no planeta.
Em 2012, eles somaram 21% do PIB mundial, e o comércio entre eles alcançou 282 bilhões de dólares.
Além disso, a média de crescimento da economia dos Brics em 2012 foi de 6,1% e, segundo previsões do próprio grupo, deverá subir para 6,9% em 2013.
A fatia desses cinco países no total do IED (Investimento Estrangeiro Direto) mundial saltou de 6% em 2000 para 20% no ano passado (ou 263 milhões de dólares), segundo relatório da Unctad (Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento).
A China recebeu quase metade (46%) desse total. Em segundo lugar, aparece o Brasil, com 25%, seguido por Rússia (17%) e Índia (10%).
O fluxo de investimentos para fora desses países passou de 7 bilhões de dólares em 2000 (1%) para 126 bilhões em 2012, quando responderam por 9% do total mundial.
O relatório diz que os investimentos feitos pelos Brics são principalmente em busca de mercados em países desenvolvidos ou no contexto de alianças regionais.
Os países desenvolvidos foram destino de 42% do total de IED para fora dos Brics, sendo que a União Europeia respondeu por 34%.