O Brasil não tem interesse em confrontar os Estados Unidos no âmbito comercial, mas gostaria que o país respeitasse as decisões da OMC (Organização Mundial do Comércio), disse hoje (10) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no discurso de inauguração da Usina Termelétrica Euzébio Rocha em Cubatão, no estado de São Paulo.
“Todos nós somos países soberanos e queremos ser respeitados. Que a OMC [também] seja respeitada”, acrescentou o presidente, que pediu que técnicos dos dois governos cheguem a um entendimento para resolver a questão.”
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Na segunda-feira (9), o Brasil definiu uma lista de produtos norte-americanos que sofrerão aumento de tarifas de importação, parte de uma retaliação autorizada pela OMC após os EUA não adequarem suas políticas para o setor de algodão a decisões anteriores do órgão.
“Existe uma instituição chamada OMC que serve para regular o comércio mundial. Há mais de sete anos, o Brasil briga na OMC para que os EUA parem de dar subsídio, ou seja, parem de ajudar os produtores de algodão. A OMC deu ganho de causa para que o Brasil possa criar dificuldades para eles”, explicou o presidente.
As sobretaxas brasileiras a produtos norte-americanos, que atingem desde produtos agrícolas como algodão e trigo a bens manufaturados como veículos e cosméticos, deverão entrar em vigor no dia 8 de abril, caso uma solução não seja alcançada entre os países. Lula disse que não sabia se Barack Obama iria ouvi-lo, mas fez um apelo para que ele colocasse as pessoas para negociar “o mais rapidamente possível” a questão.
O Brasil ainda vai divulgar outra parte da retaliação, relativa a direitos de propriedade intelectual. Neste caso, uma sanção aplicável é a quebra de patentes. As empresas brasileiras estariam autorizadas a fabricar produtos de empresas norte-americanas antes que o prazo estabelecido pela patente expire.
Lula também reclamou da falta de um acordo na rodada atual da OMC para liberalização do comércio global.”Se tivessem feito acordo na Rodada de Doha não estaríamos brigando, e o povo africano estaria vendendo seu algodão para a Europa e para os EUA. Aí quem perde não é o Brasil, que tem competência [na produção de algodão]. São os países africanos”.
Fiesp
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, considerou acertada a posição do governo brasileiro. “A posição da Fiesp é de apoio total à postura do governo brasileiro, que está sendo firme e correto, porque o governo norte-americano tem de dar o exemplo”, afirmou, segundo a Agência Brasil.
Skaf lembrou, porém, que a indústria paulista apresentou sugestões para solucionar a questão. Entre as propostas levadas ao embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, Skaf citou a criação de um fundo com recursos do Tesouro norte-americano para apoiar a cotonicultura brasileira. O fundo, que seria usado no desenvolvimento de novas sementes, no combate a pragas, no aumento da produtividade e na melhoria da qualidade do algodão brasileiro, teria em torno de 100 milhões de dólares.
Assista a entrevista de Carlos Cozendey, diretor do
Departamento Econômico do MRE:
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