Antes de se reunir nesta segunda-feira (22/07) com o presidente da Colômbia, Juan Manuel santos, o líder venezuelano Nicolás Maduro afirmou que o encontro serviria para colocar “sobre a mesa a verdade” no que diz respeito à relação bilateral. A reunião de hoje tem o objetivo de normalizar os laços diplomáticos entre os países, depois que Santos recebeu em Bogotá o opositor Henrique Capriles, que não reconhece sua derrota nas eleições presidenciais da Venezuela, realizadas em 14 de abril deste ano.
“Hoje viemos colocar sobre a mesa a verdade da Venezuela e da Colômbia uma vez mais, e falar com franqueza com o presidente Santos e trabalhar pela paz destes dois povos. Estou muito feliz de estar aqui”, expressou Maduro em Puerto Ayacucho, capital do estado venezuelano de Amazonas, na fronteira com a Colômbia, onde acontece a reunião.
Segundo ele, o encontro com Santos é “muito importante para a paz e a prosperidade” de ambos os países. Maduro ressaltou a história comum dos processos independentistas dos países. “Um só exército, um só povo de libertadores com a mesma espada (…) do libertador Simon Bolívar, fundou estas duas Repúblicas, que estamos mandadas pela história a viver sempre juntas e em paz”, afirmou.
Agência Efe
Maduro e Santos se reencontram hoje para tentar normalizar as relações bilaterais
Maduro destacou a importância da integração, mencionando mecanismos como a Unasul (União de Nações Sul-americanas), Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos) e da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América). Mais cedo, o ministro venezuelano das Relações Exteriores, Elías Jaua, afirmou que a reunião bilateral será “essencialmente política”.
“Como todos sabemos, depois dos incidentes que ocasionaram o descarrilamento das relações entre o governo da Colômbia e o governo da Venezuela, considerou-se esta aproximação, uma comunicação permanente que temos tido para ir reconstruindo novamente o espaço de confiança e de respeito mútuo”, expressou Jaua.
Segundo o ministro, Maduro vai expor a Santos “o incômodo” que seu país “vem tendo acerca do conjunto de situações públicas e notórias que aconteceram, e a vontade da Venezuela de iniciar um processo de aprofundamento da relação entre ambos os governos”. Além da política, espera-se que o diálogo também inclua questões da agenda bilateral, como segurança em estados fronteiriços, comércio e economia.
Antes de se dirigir ao estado venezuelano de Amazonas, Santos disse que ambos os países devem “viver em paz” e que espera estabelecer “as regras do jogo” com o presidente Nicolás Maduro. “Lá, espero que nos sentemos frente a frente, como fiz com seu antecessor, o presidente [Hugo] Chávez, acertemos umas regras do jogo para que possamos trabalhar juntos e unidos, o povo venezuelano e o colombiano, as Forças Armadas da Venezuela e as da Colômbia”, garantiu.
“Em muitos aspectos podemos trabalhar como se fôssemos um país só. Somos países irmãos, respiramos o mesmo ar, temos as mesmas culturas, a mesma história, temos os mesmos problemas. Por isso somos obrigados a nos entender e a trabalhar de forma coordenada e isso é o que vou buscar na tarde de hoje com o presidente Maduro”, afirmou à imprensa.
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Em maio, após o presidente colombiano ter recebido o líder opositor Henrique Capriles, a Venezuela lamentou o encontro e afirmou que a relação entre os países poderia descarrilar. O aceno da Colômbia à assinatura de tratados com a OTAN (Organização do Atlântico Norte) também foi motivo de críticas por parte de Caracas.
Na ocasião, as FARC também responsabilizou o governo de Santos pelas dificuldades dos diálogos para as negociações de paz, criticando o encontro com Capriles. “Juan Manuel Santos sabia que sua provocação contra o governo legítimo da Venezuela cairia como um petardo na mesa de negociação de Havana [cidade onde a negociação pela paz no país é realizada] (…) Se não fosse a Venezuela, o diálogo de paz não teria ocorrido”, argumentou o grupo.
A Venezuela é, ao lado de Cuba, um dos países que mais dá apoio às negociações entre a guerrilha e o governo de Santos.