O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta sexta-feira (16/05) que o papel da Unasul (União das Nações Sul-americanas) no acompanhamento do diálogo entre governo e oposição na Venezuela é “excelente”. Em comunicado divulgado hoje, o bloco pede aos “diferentes governos, atores e organizações darem um espaço e um tempo para avançar no diálogo”.
No texto, a Unasul reitera o chamado ao governo e à MUD (Mesa de Unidade Democrática) para que consigam um diálogo “amplo”, com o objetivo de, “sem ingerências”, chegar a um acordo que garanta a estabilidade no país. Entre os pontos também rechaçam a violência e “reafirmam seu interesse em continuar favorecendo o processo de diálogo”.
O bloco considera que estes tipos de processos levam tempo e que “a prudência nas declarações é fundamental para permitir os avanços e apoiar os esforços dos venezuelanos e da Unasul”. O comunicado diz ainda que “este é um momento para acompanhar o povo venezuelano em seu esforço por encontrar soluções à atual situação política”.
Na última terça, a MUD, aliança que congrega a maioria dos partidos opositores da Venezuela, anunciou que o diálogo com o governo estaria “congelado” e “em crise” pela falta de respostas às suas demandas. O secretário executivo da coalizão, Ramón Guillermo Aveledo, disse que exporia a situação aos chanceleres da Unasul – entre eles, o brasileiro Luiz Alberto Figueiredo – que acompanham o diálogo. Os chanceleres devem voltar a Caracas no próximo domingo, após adiamento da reunião prevista para ontem.
Agência Efe
“A Unasul acaba de emitir um comunicado muito claro de apoio ao diálogo para a paz na Venezuela e sobre as ameaças de sanções contra nosso país por parte de alguns setores do poder dos Estados Unidos”, disse Maduro em breve coletiva de imprensa após um encontro bilateral com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
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O comunicado afirma que a imposição de sanções à Venezuela poderia “polarizar ainda mais o cenário político e constituiria um obstáculo ao processo de acompanhamento iniciado pela Unasul, o qual teve o mérito de iniciar uma geração de confiança e contribuiu para diminuir a violência”.
Os protestos desatados há mais de três meses no país que já deixaram 42 mortos e mais de 800 feridos.
Há uma semana, um projeto de lei que prevê sanções contra funcionários venezuelanos foi aprovado pelo Comitê de Relações Exteriores da Câmara de Representantes dos EUA, por supostas violações aos direitos humanos.
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Para Maduro, a Unasul está cumprindo um “excelente” papel “como organismo multilateral que busca a paz e a união e que tem grande experiência de resolução de conflitos em tão breve tempo de existência”. Ele citou como exemplos crises recentes na Bolívia e no Equador.
O presidente venezuelano ressaltou que somente o fato de ambas as partes terem sentado para dialogar já é um resultado positivo em meio à violência derivada dos protestos. “Com paciência os esperei (…) eu, o chefe de Estado deste país, o chefe de governo constitucional”, disse, ressaltando que as exposições dos opositores foram transmitidos por rede nacional de rádio e televisão.
Para Maduro, a Unasul, “com seu acompanhamento, sua assessoria”, está ajudando “a canalizar setores políticos da direita para que respeitem a Constituição, para que respeitem a democracia, e para que dialoguem”. “Isso é muito importante”, complementou, afirmando que a Unasul “é a nova história desta parte da humanidade que se chama América Latina, América do Sul”.