Mais de 500 pessoas foram presas no México em meio aos protestos em todo o país contra o aumento do preço da gasolina e do diesel, informaram autoridades mexicanas nesta quinta-feira (05/01), enquanto um policial morreu durante um ato em um posto de gasolina na quarta-feira (04/01).
Em comunicado, o governo do Estado do México afirmou que, “com o pretexto de protestar” pelo aumento da gasolina, algumas pessoas “cometeram roubos e atos de vandalismo”. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Cidade do México, foram registrados 25 roubos em centros comerciais na capital, além de 38 focos de manifestações com 792 pessoas e 16 bloqueios em postos de gasolina. Seis policiais ficaram feridos e um morreu atropelado ao tentar impedir um assalto em um posto em Tacubaya, na zona oeste da Cidade do México, nesta quarta.
“Tratam-se de atos à margem da lei, que nada têm a ver com uma manifestação pacífica, nem com o direito à livre expressão que todos os mexicanos têm”, declarou René Juárez Cisneros, subsecretário de Governo da Secretaria de Estado do México.
Agência Efe
Manifestações contra o “gasolinazo” acontecem desde domingo (01/01), com entrada em vigor de medida que aumenta o preço da gasolina e do diesel
“Tivemos agressões em 400 postos”, disse Antonio Caballero, porta-voz da G-500, empresa que possui 1.800 postos de gasolina, somando cerca de 15% do total de 11.000 postos no país. A empresa Veracruz também afirmou que 50 dos seus postos foram “vandalizados” e estavam fora de serviço. Além dos postos, supermercados, lojas e centros comerciais foram saqueados, e avenidas e estradas foram bloqueadas em todo o país desde domingo (01/01), quando a medida que aumenta o preço da gasolina e do diesel de 15% a 20% entrou em vigor.
Agência Efe
Soldados da Marinha prenderam pessoas em meio a saques de lojas em Veracruz nesta quarta-feira (04/01)
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Peña Nieto: aumento da gasolina é necessário para “preservar a estabilidade econômica”
Em primeiro pronunciamento sobre o “gasolinazo” desde a entrada em vigor da medida, o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, afirmou na quarta-feira (04/01) que a “difícil e inevitável decisão” é condizente com o aumento do preço do petróleo internacionalmente.
“Como presidente, compreendo a irritação e a raiva que há entre a população em geral e entre distintos setores da nossa sociedade”, disse Peña Nieto. Segundo o presidente, a medida é necessária para “preservar a estabilidade econômica” e que a não adoção da medida levaria a efeitos muito piores no futuro.
Movimentos sociais condenam criminalização de manifestações
Organizações sociais e de direitos humanos denunciaram nesta quarta-feira (04/01) em um comunicado conjunto a ação policial durante os protestos e bloqueios.
“Resulta preocupante que, desde os primeiros dias de estes múltiplos protestos, já tenham sido apresentadas em várias entidades algumas atuações contrárias à plena garantia da liberdade de expressão por parte de agentes policiais e diversas corporações do país”, afirma o comunicado, que critica as detenções e o uso de gás lacrimogêneo contra manifestantes.
Agência Efe
Movimentos sociais criticaram ação policial durante manifestações
A FLEPS (Frente de Liberdade de Expressão e Protesto Social), formada por diversas entidades sociais como o Instituto Mexicano de Direitos Humanos e Democracia e Serapaz, exigiu às corporações policiais que “se abstenham de realizar qualquer conduta que derive em algum uso arbitrário e excessivo da força pública”, ao mesmo tempo em que pediu aos organismos estatais de direitos humanos, como a CNDH (Comissão Nacional de Direitos Humanos) que “cumpram com seu mandato de proteção” através do monitoramento dos protestos, “evitando qualquer ato ou omissão que seja em detrimento da segurança, liberdade e integridade das pessoas”.