Milhares de manifestantes da frente política dos chamados 'camisas vermelhas' desafiaram neste domingo (4) a ordem de deixar o centro da capital da Tailândia, Bangcoc, que ocupam desde sábado na tentativa de obrigar o Governo a dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas.
Os partidários da Frente Unida para a Democracia e contra a Ditadura, a plataforma criada por políticos afins ao ex-primeiro-ministro deposto Thaksin Shinawatra, ignoraram a ameaça das autoridades de dissolver o protesto e realizar detenções.
Com a ajuda de megafones e por meio da distribuição de panfletos, a Polícia alertou os 'camisas vermelhas' de que sua ação era ilegal.
Em discurso televisionado, o primeiro-ministro tailandês, Abhisit Vejjajiva, assegurou que seu Governo não recorrerá à força para retirar os manifestantes da principal zona comercial da capital e pediu a seus detratores e à Polícia para que mantenham a calma.
“Temos que informar aos manifestantes que sua ação é ilegal e viola os direitos de outras pessoas”, disse Vejjajiva.
As autoridades de Bangcoc e chefes da Polícia tinham previsto uma reunião hoje com os líderes do protesto para pedir que retirem seus correligionários do centro da capital, bastante frequentado pelos tailandeses mais ricos e turistas.
Dezenas de estabelecimentos comerciais estão com as portas fechadas desde ontem por medo de que a ocupação da área pelos manifestantes leve a distúrbios, enquanto os hotéis intensificaram as medidas de segurança e recomendaram prudência aos hóspedes.
O Centro para a Administração da Paz e da Ordem, organismo especial criado pelo Governo tailandês para supervisionar a segurança durante a onda de protestos que começou no último dia 14, advertiu os manifestantes de que a ocupação do centro de Bangcoc transgride a Lei de Segurança Interna baixada no mês passado e que autoriza a intervenção do Exército.
Em mensagem divulgada pela televisão estatal, o ministro adjunto à chefia do Executivo tailandês, Sathit Wongnongtoey, disse que a ação dos 'camisas vermelhas' “deixou de ser legal, já que acontece em uma área comercial e, portanto, provoca perdas econômicas e prejudica a sociedade”.
Apesar das ameaças da Polícia, os 'camisas vermelhas' continuavam com a ocupação em meio a um ambiente festivo salpicado por discursos de seus líderes e shows de música.
Segundo Jatuporn Prompan, um dos líderes da Frente, mais de 20 mil manifestantes passaram a noite no centro de Bangcoc.
A ocupação irritou o primeiro-ministro tailandês. Ao chegar ontem à cidade de Hua Hin, cerca de 100 quilômetros ao sul da capital, para presidir a primeira Cúpula do Mekong, Vejjajiva disse que a Frente tinha ultrapassado o limite da tolerância.
O Ministério das Finanças da Tailândia estimou as perdas provocadas pela ocupação, caso esta dure uma semana, em dez bilhões de bats (312,5 milhões de dólares).
O Governo tailandês espalhou 50 mil soldados por Bangcoc durante o novo dia de protestos, apoiados em sua maioria por tailandeses da zona rural.
Desde o dia 14 de março, quando a Frente retomou os protestos, os 'camisas vermelhas' se manifestaram de forma pacífica, embora pelo menos 15 pessoas tenham ficado feridas pela explosão de granadas jogadas contra edifícios públicos, agências bancárias e quartéis de Bangcoc em eventos relacionados à instabilidade política.
A Frente considera o Governo de coalizão capitaneado pelo Partido Democrata como ilegítimo por não ter sido eleito nas urnas, mas por meio de pactos parlamentares, após a dissolução do Executivo anterior em dezembro de 2008 por fraude eleitoral.
Após dois encontros para negociações, os líderes dos 'camisas vermelhas' rejeitaram nesta semana a oferta do primeiro-ministro de dissolver o Parlamento e realizar eleições legislativas no final de 2010
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