A sede do Consulado Geral da Venezuela em São Paulo foi palco de duas manifestações na tarde desta quarta-feira (19/02). No local, militantes de organizações e de partidos em defesa de Nicolás Maduro ficaram frente a frente com membros de grupos contrários ao presidente venezuelano. À exceção de provocações mútuas, não houve confrontos entre os lados.
Patrícia Dichtchekenian/ Opera Mundi
Manifestantes pró (à dir) e contra (`à esq) o presidente Nicolás Maduro marcaram encontro no mesmo local e em horário semelhante
Desde as 13h30, palavras de ordem como “Maduro, amigo, Brasil está contigo” foram anunciadas nas proximidades do ponto de encontro. Para o cônsul geral Robert J. Torrealba Torres, o Brasil tem sido muito importante no processo de integração da América Latina. “O Brasil é um aliado estratégico da Venezuela por razões geográficas, culturais, mas essencialmente por uma necessidade de unidade na região. Para nós, a solidariedade dos movimentos sociais e dos partidos políticos é fundamental para enviar uma mensagem de unidade para o povo venezuelano e seu governo legítimo”, disse a Opera Mundi.
Por volta das 15h, um grupo chegou para representar a oposição às medidas do líder político, que tem sido alvo de protestos desde a última quarta-feira (12/02), em Caracas. “Maduro foi eleito, mas é legítimo 51% escravizar 49%? Eu sou contra esse tipo de democracia que escraviza as minorias que são mortas nos protestos da Venezuela”, alega o professor de filosofia, Filipe Celeti, do grupo “Libertários”.
De acordo com a Polícia Militar, havia cerca de 70 pessoas em frente à sede. Os eventos dos dois movimentos contrários foram programados no Facebook para a reunião em frente ao Consulado. No evento “Ato em defesa da Revolução Bolivariana e do presidente Nicolás Maduro”, havia aproximadamente 750 pessoas confirmadas e houve adesão de cerca de 60 manifestantes no local. Já o “Protesto contra os abusos do governo Maduro na Venezuela” teve a confirmação de pouco mais de 1.000 pessoas na rede social, mas a participação girou em torno de 10 pessoas.
Para Torrealba, a internet tem papel fundamental nas mobilizações. “Acredito que os movimentos estão fazendo uso desses mesmos mecanismos para convocar e mostrar solidariedade”, diz. No entanto, o cônsul geral também critica a capacidade de distorção das redes sociais. “Hoje, as pessoas fazem uso massivo das redes sociais e grande parte da manipulação de informação tem sido através do Twitter e do Facebook”, observa.
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Robert Torrealba, cônsul geral venezuelano, acredita na importância na unidade entre Brasil e Venezuela
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Cerca de 60 manifestantes pró-Maduro se concentraram em frente à sede do Consulado da Venezuela, em São Paulo
Além de brasileiros, havia também venezuelanos e pessoas de outros países, mostrando solidariedade à Maduro. “O movimento internacional é fundamental porque mostra a disposição de organizações de outras partes do mundo para lutar conosco”, diz o venezuelano Orlando Luis Machado, coordenador continental da JOC (Juventude Operária Católica). “A luta do povo venezuelano é um ensinamento para todos os povos da América Latina”, reforça o chileno Hugo Lefort, que mora no Brasil há seis meses e é ativista do PCR (Partido Comunista Revolucionário).
Além de membros do “Libertários”, a oposição também contava com outras organizações como a “Estudantes pela Liberdade”. Para o advogado Felipe França, é necessário lutar contra o doutrinamento de Maduro e mostrar que não é todo o Brasil que está a favor de suas decisões. “Que governo é esse que prende opositor?”, questiona. “Mais liberdade e menos estado”, resume.
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O ativista venezuelano Orlando Luis Machado representou seu país, protestando a favor do presidente Nicolas Maduro