O presidente Jair Bolsonaro chegou em Anguillara Veneta, vilarejo do norte da Itália, nesta segunda-feira (01/11) para receber o título de cidadão honorário. Centenas de pessoas se reuniram na região para protestar contra o mandatário.
Após ter pousado no Aeroporto de Veneza, Bolsonaro seguiu em comboio até Anguillara e evitou passar pela prefeitura onde cerca de 200 pessoas protestavam contra a homenagem. A mudança no itinerário foi justificada por “razões de segurança”.
“A cidadania é inoportuna porque as posições de Bolsonaro não espelham os valores de nossa Constituição”, disse o vereador de oposição Antonio Spada, citando como exemplo as frequentes declarações homofóbicas e misóginas do presidente e suas políticas para a Amazônia.
Já o padre Massimo Ramundo, que passou 20 anos no Brasil, sendo 12 deles na Floresta Amazônica, afirmou que as ações de Bolsonaro “vão contra tudo aquilo que o papa Francisco professa diariamente”.
“O presidente não se ocupa da defesa das minorias, a partir dos indígenas da Amazônia. O papa não se cansa de nos lembrar da importância do bem comum, enquanto Bolsonaro faz o que quer na Amazônia”, ressaltou.
Planalto
Centenas de pessoas pedem ‘Fora Bolsonaro’ e protestam contra entrega do título de cidadão honorário ao presidente brasileiro
Andrea Zanoni, conselheiro regional (o equivalente a um deputado estadual) do Vêneto pelo Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, disse que a homenagem a Bolsonaro é motivo de “vergonha”.
“É uma escolha incompreensível sob qualquer ponto de vista e que chega poucos dias depois de uma acusação de crimes contra a humanidade e outros nove delitos. Sua gestão vil da pandemia provocou mais de 600 mil mortes em todo o país”, salientou.
No fim da semana passada, a sede da Prefeitura de Anguillara Veneta já havia sido pichada com a frase “Fora Bolsonaro” após manifestantes despejarem esterco em frente ao local.
Segundo a prefeita Alessandra Buoso, de extrema direita, a cidadania honorária se justifica pelo fato de o presidente ter um bisavô nascido no município. “Não queremos entrar nos aspectos políticos porque não é nosso papel nem nossa vontade, queremos apenas recordar que os laços entre essas duas nações são extremamente fortes”, justificou.
O tour de Bolsonaro pela Itália se encerra nesta terça-feira (02/11), com uma visita a um monumento em Pistoia em memória dos soldados brasileiros caídos na Segunda Guerra Mundial.
Esse evento deve ter a participação do senador de ultradireita Matteo Salvini, conhecido por suas ações xenófobas e discriminatórias.
*Com Ansa