A Irmandade Mulçumana promete nesta sexta-feira (05/07) realizar o maior protesto até o momento em represália à deposição de Mohamed Mursi do cargo de presidente – ação feita pelos militares. Após mais uma noite violenta, as Forças Armadas do Egito apelaram à “unidade” e à “reconciliação nacional” durante os protestos, pedindo aos cidadãos ligados à Irmandade Mulçumana para rejeitarem o sentimento de “vingança”.
“Vamos continuar a controlar a segurança dos locais dos protestos e, se necessário, garantir que os defensores e os 'anti-Mursi' não se confrontam. Vamos deixar que se manifestem e que vão onde quiserem”, disse à Reuters um porta-voz do exército.
Agência Efe
Simpatizantes da administração Mohamed Mursi prometem resistir ao “golpe militar”
A Irmandade Muçulmana promete manifestações em todo o país em defesa da “legitimidade” e contra a “usurpação” do poder que tinha conquistado nas urnas. Em nota oficial, a Coligação Nacional em Apoio da Legitimidade, liderada pela Irmandade, pediu “ao povo egípcio para tomar as ruas e se mobilizar pacificamente” depois das orações do meio-dia, as mais importantes da semana. O objetivo é dizer “‘não’ às detenções militares, ‘não’ ao golpe militar”.
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, solicitou hoje (05) às autoridades interinas do Egito que especifiquem as acusações contra os membros da Irmandade Muçulmana detidos nas últimas horas ou que os libertem.
“Não deveria haver mais violência, mais detenções arbitrárias, atos ilegais de vingança”, assinalou Pilay em comunicado, no qual mostrou seu “preocupação pela detenção de vários líderes da Irmandade Muçulmana”.
O temor para hoje é que os manifestantes chamados pela Irmandade Mulçumana entrem em confronto com opositores à administração de Mohamed Mursi.
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As Forças Armadas anunciaram na quarta-feira (03) à noite a suspensão da Constituição, nomeando o presidente do Tribunal Constitucional, Adly Mansou, como presidente interino. A intenção anunciada pelos militares é exercer um governo de transição e convocar novas eleições presidenciais e garantir que os mecanismos democráticos voltem a funcionar no país.
Segundo informações do jornal Público, Mohamed ElBaradei, nomeado representante da coligação Frente de Salvação Nacional, que reúne partidos liberais e de esquerda, descreveu a “intervenção do Exército” como uma “medida dolorosa”.
Depois de manifestações que juntaram milhões de egípcios a pedir a demissão de Morsi, ElBaradei aplaudiu o ultimato feito pelos militares ao Presidente. “Infelizmente, Mursi minou a sua própria legitimidade ao declarar-se um faraó”, disse ElBaradei à BBC.
Apesar dos apelos de paz, desde as manifestações do fim-de-semana já morreram cerca de 60 pessoas e centenas ficaram feridas em confrontos em várias cidades.