A ministra de Serviços Penitenciários da Venezuela, Iris Varela, afirmou nesta terça-feira (23/04) que o opositor Henrique Capriles, derrotado por Nicolás Maduro na última eleição presidencial, é o “culpado intelectual” dos atos de violência registrados nos dias seguintes ao pleito, que deixaram ao menos nove mortos.
“Garanto que na prisão ninguém tocará nem atentará contra você. Estamos preparando uma cela, porque você tem que pagar por seus crimes”, declarou a ministra, dirigindo-se ao opositor. “Capriles, você é o culpado intelectual dos atos de violência, de maneira pública, notória e comunicacional”, acusou, informando que existem provas suficientes para condenar os responsáveis pelos crimes cometidos.
Agência Efe
Capriles é culpado pelas nove mortes ocorridas depois da eleição, segundo ministra venezuelana
Ainda dirigindo-se ao opositor, a ministra afirmou: “A única boa notícia que você pode ter é que a prisão que te espera não vão ser as prisões que nós herdamos”, disse, em referência ao sistema penitenciário anterior à gestão chavista. “Vamos ver se ali te tiramos este pensamento fascista e conseguimos te resgatar como ser humano”, afirmou, reiterando que os crimes cometidos não ficarão impunes.
A ministra também qualificou, em coletiva de imprensa, o opositor como um “líder negativo” e o responsabilizou pelos atos contra a proclamação de Maduro como presidente do país. Ressaltou também que não aceitará que os assassinos dos venezuelanos mortos no período pós-eleitoral sejam considerados presos políticos.
Onda de violência
No dia seguinte à eleição que deu vitória a Maduro, com resultados não reconhecidos por Capriles, que exigia a recontagem dos votos, o candidato opositor convocou seus apoiadores a promoverem um panelaço, durante a noite, contra a proclamação do novo presidente. Os sons das panelas tiveram início já durante o ato, realizado na tarde de segunda-feira (15/04). Capriles havia pedido que a “raiva” fosse descontada nas panelas e pediu uma manifestação pacífica.
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Os manifestantes acusavam o órgão eleitoral e o governo de “fraude” e pediam uma recontagem “voto por voto”. Em bairros nobres, barricadas com lixo incendiado foram armadas de modo que cortassem o trânsito. A situação saiu de controle, no entanto, quando grupos atacaram instalações de centro médicos populares e incendiaram sedes regionais do governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela).
Pelo menos nove mortes foram registradas, segundo o governo. Um militante chavista, dois do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) e um policial estão entre as vítimas. No dia seguinte aos distúrbios, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, informou que pediria ao Parlamento uma investigação sobre a responsabilidade de Henrique Capriles nos atos de violência. Maduro, por sua vez, denunciou que setores da oposição estavam provocando atos para a desestabilização do país e disse que mais ações estariam planejadas.
Quando interpelado por Opera Mundi durante uma coletiva de imprensa na última semana, Capriles negou o envolvimento da aliança opositora com as ocorrências. “Sobre qualquer ato de violência eu responsabilizo o governo. Eu fiz concentrações de milhares de pessoas no país”, afirmou, sobre seus atos de campanha, “e nenhum incidente foi registrado”. “Quando o governo insta, incita, algum incidente se dá”, disse ele, que cancelou uma marcha prevista para a última quarta-feira e convocou um panelaço “pacífico” para a data, sem que seus apoiadores saíssem de suas casas.