Faleceu nesta segunda-feira à noite, dia 9, aos 78 anos, o filósofo francês André Glucksmann, acadêmico conhecido por sua militância pelos direitos humanos, anunciou seu filho Raphaël.
“O meu primeiro e melhor amigo não se encontra mais aqui. Tive a oportunidade incrível de conhecer, rir, debater, viajar, brincar, fazer tudo e não fazer nada com um homem tão bom quanto genial. Eis que o meu pai morreu ontem à noite”, escreveu Raphaël em sua conta do Facebook.
Heinrich-Böll-Stiftung/FlickrCC
André Glucksmann fez parte do movimento “novos filósofos”
Em nota, o presidente da França, François Hollande, lamentou a notícia. “Glucksmann trazia consigo todos os dramas do século 20”, apontou. Ainda segundo o Palácio do Eliseu, “durante toda sua vida, ele colocou sua formação intelectual a serviço de um compromisso público pela liberdade”. Glucksmann, que participou das revoltas estudantis registradas em maio de 1968 na França, fez ponte entre duas gerações de intelectuais; a primeira, representada por Jean-Paul Sartre e Michel Foucault e a segunda, conhecida como “nouveaux philosophes” (“novos filósofos”, em livre tradução do francês), que rompeu com o marxismo em meados dos anos 1970.
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Judeu de origem do Leste Europeu, Glucksmann era um entusiasta do comunismo chinês, com o qual rompeu quando publicou “La cuisinière et le mangeur d'homme” (“A cozinheira e o devorador de homens”), panfleto que denunciava o totalitarismo do regime.
Nos anos seguintes, ele se tornou um ativista pelos direitos humanos, denunciando violações cometidas por regimes comunistas em todo o mundo.
Apesar de se dizer de esquerda, ele apoiou o ex-presidente Nicolas Sarkozy em sua campanha pela Presidência, em 2007. Considerado inimigo do mandatário russo, Vladimir Putin, ele pedia a independência dos chechenos.