O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, determinou nesta terça-feira (03/07) que as empresas do país sob controle de estrangeiros reservem pelo menos 51% de seus ativos aos negros do país.
A medida deve atingir especialmente os serviços financeiros e os segmentos de entretenimento, energia, transportes e automotivo, que, a partir de agora, terão um prazo de um ano para cumprir a exigência. Entre os bancos afetados aparecem os britânicos Barclays e Standard Bank e o sul-africano Stanbic Bank.
NULL
NULL
Membros do MDC (Movimento por Mudança Democrática) já reagiram à decisão. Junto à Zanu-PF de Mugabe, o partido do primeiro-ministro Morgan Tsvangirai forma a coalizão Governo de União Nacional. O Ministério das Finanças, também nas mãos do MDC, já advertiu que o programa de indigenização de Mugabe começa a colocar em perigo a reconstrução da economia do Zimbábue, que se encontra em uma situação crítica após uma década de tensões políticas e má gestão pública.
O chefe do Banco Central do Zimbábue, Gideon Gono – um forte aliado de Mugabe – pediu ao ministro de Indigenização, Saviour Kasukuwere, que não aplique esta medida aos bancos. Kasukuwere, por sua vez, acusou os bancos de se negarem a fazer empréstimos aos granjeiros negros que assumiram terras de brancos com a Lei de Reforma Agrária iniciada em 2000.
As novas leis de indigenização foram iniciadas há três anos para fazer com que as grandes companhias estrangeiras avaliadas em mais de 500 mil dólares vendam a maioria de suas ações. Até o momento, a medida tinha se centrado nas empresas mineradoras. A indigenização de empresas e terras no Zimbábue faz parte da reforma econômica iniciada há mais de dez anos por Mugabe.
Opositores ao governo Mugabe alegam que, apesar de supostamente priorizar a divisão das terras do país entre trabalhadores negros, a maior parte das propriedades confiscadas acabou nas mãos de familiares do governante.