Dos 5.000 palestinos presos em cadeias israelenses, Marwan Barghouti é o mais popular.
Pesquisas de opinião indicam que ele é o favorito da população, tanto na Cisjordânia como na Faixa de Gaza, para o cargo de presidente.
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Condenado a cinco prisões perpétuas por Israel, sob acusação de assassinato, Barghouti se encontra na prisão Hadarim, ao norte de Tel Aviv, onde as autoridades penitenciárias concentram os principais líderes das diversas facções palestinas.
De acordo com seu advogado, Elias Sabbagh, “Marwan não matou ninguém, foi preso por sua importância política e durante o julgamento não foi apresentada prova alguma de que cometeu assassinatos”.
Guila Flint/Opera Mundi
Apesar de estar preso há 12 anos, Barghouti segue sendo lembrado pelos palestinos, como neste muro em Ramallah
Sabbagh se encontra com Barghouti na prisão uma vez por semana e disse a Opera Mundi que “Marwan tem uma força de vontade inquebrantável”.
Mahmoud Hassib, de 48 anos, ficou preso em Israel durante 9 anos. Militante do Fatah, Hassib foi um dos mil prisioneiros palestinos libertados em 2011, em troca do soldado israelense Gilad Shalit.
Nos últimos três anos de prisão, Hassib foi transferido para a cadeia de Hadarim, onde conviveu com Barghouti.
“Durante aqueles anos em Hadarim, eu me encontrava com Marwan diariamente. Não estávamos na mesma cela, mas nos encontrávamos no pátio, nos horários em que podíamos sair para respirar um pouco de ar puro e fazer exercícios”, contou o ex-prisioneiro a Opera Mundi.
Aulas de Inglês, Historia e Politica
De acordo com Hassib, Barghouti, que tem mestrado em Relações Internacionais, dá aulas de Inglês, História e Politica aos outros prisioneiros e também os estimula a fazer ginástica e cuidar da saúde.
“Ele parou de fumar e já convenceu muitos prisioneiros a seguir seu exemplo. Eu fumava 3 maços de cigarros por dia, mas parei por causa da influência dele. Marwan não gosta do cheiro dos cigarros e se você quer ficar perto dele é melhor não fumar”, disse.
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“No dia em que fui libertado, chorei por ter que deixá-lo na prisão. Foram sentimentos misturados: por um lado eu estava contente por finalmente poder sair, mas por outro fiquei muito triste pelos companheiros que iam ficar, principalmente Marwan”.
Hoje em dia Hassib trabalha na campanha pela libertação de Barghouti, dirigida por sua esposa, Fadwa.
“Marwan amadureceu muito nesses anos na prisão”, disse Fadwa Barghouti a Opera Mundi. “Ele lê muito e tornou-se uma pessoa mais tranquila”, pois antes de ser preso Barghouti “corria muito, sempre ocupado com o Fatah, as atividades parlamentares e as reuniões.”
Solitária
Durante os primeiros 4 anos, de 2002 a 2006, Barghouti foi mantido em solitária e não podia receber visitas da família.
Naquela época ele escreveu um livro, intitulado “Mil dias na solitária”, publicado apenas em árabe.
Guila Flint/Opera Mundi
Fadwa citou uma das frases do livro: “gostaria de poder falar com alguém, já esqueci o som da minha própria voz”.
[Mulher do preso consegue visitá-lo com frequência, diferentemente do que acontece com seus filhos]
“Não o vi nos primeiros quatro anos, só consegui visitá-lo depois que deputados israelenses, tanto árabes como judeus, interviram junto ao governo de Israel”.
Nos últimos anos Fadwa tem visitado seu marido a cada duas semanas. “Mas para nossos filhos as permissões são bem mais raras”, disse. “Eles só o viram 3 ou 4 vezes desde que foi preso”.
O casal tem 3 filhos e uma filha, de 23 a 28 anos. “Eles cresceram sem o pai, eram bem pequenos quando Marwan foi preso”, disse Fadwa.