O desemprego na Espanha registrou o pior índice de sua história neste segundo trimestre atingindo uma em cada quatro pessoas da população ativa do país, informou nesta sexta-feira (27/07) o Instituto Nacional de Estatística local.
Segundo o jornal El Pais, o índice de desemprego chegou a superar a taxa de 1994 (24,55%) que era considerada, até então, a maior já vivida na Espanha nos tempos de democracia.Um índice alto assim apenas foi visto em 1976 durante o regime de Francisco Franco.
De abril a junho, mais de 50 mil pessoas ficaram sem emprego no país que passou a somar, no total, 5,6 milhões de desempregados, incluindo espanhóis e estrangeiros. Como consequência disso, a taxa de desemprego subiu em 0,19% em relação ao trimestre anterior e se situou em 24,63%.
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A falta de emprego atingiu de forma desigual as regiões espanholas, os setores econômicos e a própria população. Dependendo da faixa etária, do sexo, da área de trabalho e da região, os moradores da Espanha encontraram mais ou menos dificuldades para serem empregados neste segundo trimestre. Mulheres jovens, da região da Andaluzia que trabalham no ramo da agricultura foram as mais prejudicadas pela situação econômica no último trimestre.
Mesmo com o desemprego entre os homens aumentando em relação ao índice anterior, atingindo 24,5%, da população masculina, e mais postos de trabalho terem sido criados para o setor feminino, a taxa de desemprego entre as mulheres foi de 24,71%. A população jovem continua sendo a mais atingida pela crise, segundo os dados divulgados.
As estatísticas também mostram que 44 mil empregos foram destruídos na área da agricultura e 21 mil na indústria, enquanto que 42,8 mil foram criados no setor de serviços e 6,2 mil na construção. Para o El Pais, a queda de postos de trabalho na indústria é um dos sinais mais preocupantes da recessão econômica.
Em relação às regiões da Espanha, a mais atingida pelo desemprego durante o segundo trimestre foi a Andaluzia, onde 23,3 mil pessoas se tornaram desempregadas, e a menos foi o arquipélago das Ilhas Baleares, seguida por Madri. Apesar disso, a maior taxa de desemprego (33,9%) foi encontrada na Catalunha e a menor, nos Países Bascos (14,56%).
A austeridade e o desemprego
As autoridades espanholas explicaram que o aumento do índice de desemprego no país é consequente da recessão econômica e do aumento da população ativa no país (37,6 mil pessoas a mais do que no começo do ano). No entanto, diários espanhóis apontam também o papel dos ajustes orçamentários e da reforma trabalhista, aprovada pelo governo em fevereiro.
Como lembrou o El Pais, esta pesquisa é a primeira realizada após a reforma trabalhista no país e mostra seus efeitos nefastos na taxa de desemprego. Responsável por flexibilizar os contratos, a reforma foi responsável por baratear as demissões.
O novo plano de austeridade aprovado pelo Parlamento espanhol neste mês deve piorar ainda mais o quadro econômico no país. Apenas no segundo trimestre, o setor público destruiu 63 mil postos de trabalho, o que deve piorar nos próximos meses com a aplicação das novas medidas.
Até 2014, o governo espanhol deve economizar 65 bilhões de euros de seu orçamento público. Esta foi a condição imposta pela União Europeia ao empréstimo bilionário negociado com o governo no dia 9 de julho, realizado para recapitalizar os bancos nacionais. Enquanto as instituições financeiras recebem o apoio financeiro do Estado, o presidente espanhol anunciou que irá realizar cortes severos do orçamento público e drástico aumento dos impostos.