O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega neste domingo (15/5) a Teerã para uma visita crucial, sob o olhar atento das grandes potências que não escondem o ceticismo. A viagem ao Irã foi qualificada de “última oportunidade de diálogo” com a república islâmica antes da adoção de novas sanções, por um alto funcionário dos Estados Unidos.
Neste contexto, o assessor especial do presidente para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, lembra, em uma entrevista concedida ao Opera Mundi, que o Brasil não é o único país a apostar no diálogo com o Irã. “A Turquia também não quer novas sanções”, diz. Ele sublinha que o presidente Lula vai tentar convencer o Presidente Mahmoud Ahmadinejad, mas que não se trata de dar um ultimato.
Agência Brasil
Para Marco Aurélio Garcia, “o Brasil não está sozinho em acreditar na necessidade de diálogo”
Qual é o objetivo da viagem do Presidente Lula?
Primeiro, é uma visita importante. O presidente Lula esteve em muitos países ao redor do mundo, mas ainda não teve a possibilidade de ir ao Irã, que é um parceiro econômico e comercial de peso para o Brasil. O secundo objetivo é tratar de questões bilaterais. Queremos tentar obter garantias de que o Irã adotará uma postura similar à do Brasil sobre a questão nuclear: aceitar as visitas de controle da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e renunciar à produção e à utilização de armas atômicas. Recordo-lhe que as armas atômicas são proibidas pela nossa Constituição. O Irã pode também desempenhar um papel importante na revitalização do processo de paz entre israelenses e palestinos.
Por que o Irã aceitaria o papel de mediação de Lula?
Porque o Brasil é contra as sanções, e o presidente Lula é um homem de negociação. Não Existe um eixo Irã-Brasil, mas para nós as sanções são contraproducentes, já que podem radicalizar a posição do Irã, fazer com que todos se unam contra um inimigo externo. Se as sanções são duras, elas vão penalizar o povo iraniano em primeiro lugar. Acho que nem a China, nem a Rússia aceitariam essa proposta. Se forem flexíveis, será apenas para inglês ver.
Outros grandes potências, incluindo os Estados Unidos, são céticas…
Elas têm o direito de ser céticas, mas ninguém tentou de dissuadir a tentativa do Brasil. Ao contrario, recebemos encorajamentos de todas as partes. Além disso, o Brasil não está sozinho em acreditar na necessidade de diálogo. A Turquia tem uma posição semelhante. Se conseguirmos restabelecer o diálogo, a missão não será um sucesso para Brasil, mas para todo o mundo, e especialmente para o Irã.
O Presidente Lula não demonstra ingenuidade em acreditar que sua visita pode fazer a diferença?
Os ingênuos são os que quiseram crer que havia armas de destruição em massa no Iraque, com todas as consequências que conhecemos. Se nossa mediação funcionar, ótimo. Se não, teremos tentado. Lula vai ao Irã para discutir e não para dar um ultimato.
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