O líder do Partido Comunista nepalês (UCPN-M, maoísta), Pushpa Kamal Dahal, será na quarta-feira (03/07) o único candidato na votação parlamentar para escolher o novo primeiro-ministro do Nepal em substituição a Sharma Oli, que renunciou há dez dias, quando estava prestes a ser submetido a uma moção de censura.
Dahal, o líder que iniciou o movimento guerrilheiro maoísta que supôs o fim da monarquia em 2008 e que atuou como primeiro-ministro no mesmo ano, foi proposto nesta terça-feira (02/07) pelo Partido do Congresso.
O vice-porta-voz do Parlamento, Sudarshan Kuinkel, indicou à Agência Efe que a escolha vai acontecer amanhã às 11h local (1h15, em Brasília) e que Dahal será o único candidato a ser votado a favor ou contra.
Agência Efe
Pushpa Kamal será candidato único ao cargo de premiê do Nepal
O Partido Comunista Unificado (CPN-UML, marxista-leninista) de Oli, que caiu após perder o apoio do UCPN-M, decidiu não apresentar nenhum candidato.
“Nos manteremos na oposição e votaremos contra a candidatura a primeiro-ministro”, afirmou à Efe um líder do CPN-UML, Pradip Gyawali.
O UCPN-M conta com 82 dos 595 parlamentares e o apoio do Partido do Congresso (NC), que possui 207 cadeiras, assim como de uma aliança de partidos do Madhesh, região do sul do país.
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O Nepal atravessa um período conturbado após a aprovação em setembro do ano passado de uma Constituição que era esperada desde o fim da monarquia, mas que abriu um conflito de grandes proporções com as minorias da região Terai (Madhesh) do sul do país.
Esse conflito, que chegou depois do terremoto que castigou a nação do Himalaia em abril do ano passado, levou a greves e meses de bloqueios, o que, unido ao criticado desempenho do governo após a catástrofe natural, minou o capital político de Oli, que não durou nove meses no poder.
Agência Efe
Ex-primeiro-ministro Sharma Oli renunciou há dez dias
Os partidos madhesi lideraram uma onda de protestos após a aprovação em setembro da Constituição do país, suscitando uma crise política e econômica que deixou mais de meia centena de mortos, centenas de feridos e um buraco de mais de US$ 10 bilhões (mais de R$ 32 milhões) em perdas.
O secretário-geral do Partido Tarai Madhesh Loktantrik, Sarbendra Nath Sukla, disse à Efe que o UCPN-M prometeu declarar mártires os mortos nos protestos e implementar suas propostas para emendar a Carta Magna como parte do acordo.