A Unasul (União das Nações Sul-Americanas) elegeu como seu secretário-geral o ex-presidente argentino Néstor Kirchner (2003-2007), que terá a missão de assegurar o fortalecimento do fórum internacional.
O novo funcionário fez o juramento para o cargo perante o mandatário equatoriano, Rafael Correa, titular temporário do organismo, durante a cúpula que reúne hoje os chefes de Estado e governo dos países-membros em um hotel nas proximidades de Buenos Aires.
Ao final do pronunciamento, em resposta ao compromisso firmado por Kirchner, Correa lhe disse que “se falhar, nós o processaremos”. O equatoriano também declarou que a entidade tem desafios imediatos para se consolidar, sendo o primeiro deles o aval parlamentar de sua criação nas nações que o formam.
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A designação de Kirchner foi confirmada quando o presidente uruguaio, José Mujica, anunciou que seu governo “acompanha o consenso” sul-americano para a nomeação, até agora bloqueada devido a um conflito diplomático entre seu país e a Argentina.
“Não gostamos de nos fazer de distraídos”, declarou o mandatário, cujo veto se devia a um conflito diplomático entre Buenos Aires e Montevidéu pela instalação de uma fábrica de pasta de celulose na fronteira bilateral.
“Decidimos priorizar a América do Sul”, disse Mujica. “Tendo contradições muito fortes no nosso país, a este presidente custa o passo que dá, como custa também ao governo argentino. Sem pedir condições, acompanhamos o consenso pela unidade da América Latina”, afirmou.
A negativa ao nome de Kirchner para a Secretaria-Geral da Unasul fora dada pelo ex-presidente Tabaré Vázquez (2005-2010), em represália ao envio feito pela Argentina de um processo na Corte Internacional de Justiça, em Haia, contra a indústria de pasta de celulose localizada nas margens do Rio Uruguai, e que, segundo Buenos Aires, contaminava a região.
No último dia 20, o tribunal divulgou sua sentença sobre o caso, afirmando que a fábrica não polui o rio e autorizando sua continuidade. Apesar disso, manifestantes argentinos continuam bloqueando pontes bilaterais, em um protesto iniciado há mais de três anos contra a empresa.
O apoio do Uruguai à candidatura de Kirchner era a grande dúvida da cúpula da Unasul, iniciada ontem com a reunião de chanceleres. Enquanto outros países já haviam se manifestado favoravelmente a Kirchner, como Bolívia e Venezuela, o posicionamento do país de Mujica ainda despertava questionamentos.
Lula
Antes de declarar o voto, O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a integração pretendida pela Unasul não é “coisa pequena, de alguns teóricos”. “Acho que descobrimos que somente nossa organização pode garantir um novo rumo para a América do Sul e para a América Latina”, destacou.
Segundo Lula, a eleição de Kirchner para a Secretaria-Geral da Unasul é mais uma etapa para a consolidação do grupo. “O Kirchner tem experiência, conhece o continente e também as dificuldades políticas e ideológicas que existem aqui. Acho que ele está 100% apto a ser um extraordinário secretário-geral da Unasul.”
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