O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, fez, neste sábado (21/04), um chamado ao diálogo e à negociação após uma reunião para discutir a onda de protestos contra a reforma no sistema previdenciário que, há três dias, atinge o país e já deixou ao menos dez mortos. O mandatário também pediu os nicaraguenses façam esforços para alcançar a paz na região.
“A maior responsabilidade da juventude nicaraguense é lutar pela paz, que tanto custou a esse povo, a esta nação”, afirmou. “Não estamos falando de protestos cívicos. Isto que está acontecendo no nosso país não tem nome. (…) Com uma boa manipulação das redes sociais, claro, os estudantes creem que se está fazendo um mal com a lei [de reforma na previdência], disse Ortega. “O diálogo é imprescindível para solucionar os problemas.”
Ortega afirmou crer que seu governo sofre tentativas de desestabilização de grupos políticos, financiados pelos Estados Unidos, que “recebem dinheiro e usam para destruição, para práticas conspirativas”. Ele lembrou que, na época em que a FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional) estava na oposição, não se buscou desestabilizar os governos vigentes, mesmo que eles não tenham cumprido acordos previamente estabelecidos.
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Ismail Francisco/Cubadebate
Ortega pediu paz e diálogo na Nicarágua
Os protestos violentos contra a reforma no Instituto Nicaraguense de Seguridade Social (INSS) começaram na última quarta-feira (18/04) e, além dos mortos, já deixaram cerca de 40 feridos. O objetivo da reforma é cobrir um déficit de 75 milhões de dólares no sistema de aposentadorias.
A reforma prevê aumentar o total de contribuição de trabalhadores e empregados para aposentadorias de forma gradual, até o limite de 22,5%, e a criação de uma dedução e 5% para os que já recebem o benefício. As mudanças previstas não alteram o tempo de contribuição ou a idade mínima de aposentadoria.
Na sexta-feira (20/04), a vice-presidente do país, Rosario Murillo – esposa de Ortega – anunciou que o governo iria aceitar a proposta de diálogo sobre o tema com o setor privado para evitar “derramamento de sangue”.
No entanto, na noite do mesmo dia, grupos incendiaram as instalações do Centro Universitário da Universidade Nacional (CUUN), em León, que guardava arquivos históricos do país. Os atos de vandalismo prosseguiram neste sábado.