O governo da Nicarágua publicou na noite deste sábado (06/07) uma carta atribuída ao ex-analista da CIA Edward Snowden, na qual ele solicita formalmente asilo ao país latino-americano por causa da perseguição dos Estados Unidos, que o acusam de haver revelado dados sigilosos de programas de espionagem da NSA (Agência de Segurança Nacional norte-americana), segundo reproduziu hoje (07) a imprensa local.
Na carta, que data de 30 de junho e teria sido entregue à embaixada nicaraguense em Moscou, onde Snowden se encontra desde o dia 23 de junho, o jovem norte-americano diz que solicita asilo porque “considera improvável” que tenha um julgamento justo ou receba o tratamento adequado nos Estados Unidos, onde afirma que poderia ser condenado a “prisão perpétua ou mesmo pena de morte” por espionagem.
Agência Efe
Manifestantes protestam em frente ao prédio da chancelaria alemã em Berlim, pedindo proteção para Snowden
“Eu, Edward Snowden, lhes escrevo para solicitar asilo devido ao risco de ser perseguido pelos EUA e seus agentes por causa da minha decisão de tornar públicas as graves violações da Constituição e de alguns tratados das Nações Unidas praticadas pelo governo do meu país,”, afirma a carta, publicada em diversos veículos da Nicarágua. Ele diz que pedem sua prisão ou mesmo sua morte por “exercer sua liberdade de expressão” e revelar que os Estados Unidos interceptam comunicações de todo o mundo.
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Snownden também compara seu caso ao do soldado Bradley Manning, cujo julgamento, por ter vazado ao Wikileaks milhões de dados sobre operações militares dos EUA, está em curso atualmente. De acordo com o consultor da CIA, Manning foi tratado “de forma desumana” pelos Estados Unidos durante o tempo em que esteve na prisão.
“Um precedente internacional para prover asilo a um personagem na minha situação já foi estabelecido quando o Equador forneceu asilo ao fundador do Wikileaks, Julian Assange”, continua Snowden.
Na sexta-feira (05), o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, declarou que receberia Snowden “com muito gosto”, se “as circunstâncias permitirem”. Outros dois países latino-americanos também ofereceram asilo a ele: Venezuela e Bolívia. Esta última, como resposta ao bloqueio que o avião do presidente Evo Morales sofreu na Europa nesta semana, quando foi proibido de sobrevoar Espanha, Portugal, França e Itália, e forçado a fazer uma escala de 13 horas na Áustria.
Leia aqui a carta reproduzida pelos veículos da Nicarágua, em espanhol