Efe
Mulheres são mais da metade da população no Peru; 40% estão no campo
Camponesas vindas de diversas partes do Peru, especialmente das regiões andinas e amazônicas, aproveitaram o dia internacional da mulher para participarem de um debate no Congresso do país sobre o papel dos modos de produção agrícola ancestrais para a sustentabilidade e a segurança alimentar da sociedade peruana.
“As mulheres da zona rural estão cumprindo desde tempos milenares um papel relevante na soberania alimentar garantindo a proteção e cultivo da terra, contrapondo os modelos de produção globalizados que têm fracassado em erradicar a fome no mundo”, disse Lurdes Huanca, presidente da Femucarinap (Federação Nacional de Mulheres Campesinas, Artesãs, Indígenas, Nativas e Assalariadas do Peru).
Para a congressista Verônica Mendonza, as camponesas peruanas jamais podem ser excluídas do processo de debate sobre o tema agrícola. “Temos que compartilhar e interagir com suas experiências de ancestralidade organizativas e concretas em suas regiões que vem garantido o sustento não só de suas famílias, mas o abastecimento da população peruana”.
Conforme recente informe lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento da América Latina e Caribe, o Peru está entre os seis principais países do continente que possui um ecossistema diversificado permitindo 25 mil espécies de flora, graças ao seu conhecimento de cultivo ancestral.
Por isso, Mendonza aponta que nos últimos tempos, a agenda das mulheres andina e amazônica já extrapola antigas inquietudes e problemas .“As camponesas hoje atuam em três eixos: a violência contra a mulher, a soberania alimentar e as mudanças climáticas no Peru”, conclui.
Perseverança
Segundo aponta estudo do Centro da Mulher Peruana Flora Tristan, cerca de 50% da população do país é composta por mulheres sendo que aproximadamente 40% delas estão no campo. A entidade revela que a penúria nas zonas rurais peruanas chega a 66% e a extrema pobreza a 30%.
Diante desse quadro, Blanca Fernandez, diretora da entidade, relata: “o impacto da pobreza no campo peruano deixa as mulheres com uma vida caracterizada pela ausência de seus direitos e não reconhecimento pelo seu trabalho”.
“As camponesas dificilmente deixam o campo, diferente dos homens, que se debandam em grandes parcelas para as cidades em busca de melhores condições de vida”, conclui Fernandez.
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