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Apesar do atraso nos voos das equipes de negociação das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do governo colombiano, a diplomacia norueguesa manteve para esta quarta-feira (17/10) o encontro público entre as lideranças da guerrilha e da Presidência de Juan Manuel dos Santos.
Em nota, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Noruega declarou que não há uma versão oficial para o adiamento da chegada das duas delegações. Especula-se que condições climáticas adversas no entorno de Bogotá tenham impedido a decolagem das aeronaves na data prevista. Veslemøy Lothe Salvesen confirmou que tanto o local do encontro quanto seu horário serão revelados até amanhã, com a chegada das comitivas.
Para segunda (15) e terça-feira (16) estavam previstos acertos sobre os últimos detalhes da mesa de diálogo, da qual Noruega e Cuba cumprem a função de mediadores. Outra alteração de última hora nos planos iniciais da viagem foi a substituição do chefe de negociação das FARC, Iván Marquez, por outra integrante da guerrilha, a holandesa Tanja Nijmeijer.
Essa é a terceira tentativa de diálogo formal entre as FARC e o governo da Colômbia. Na década de 1980, o acampamento de Casa Verde foi palco para as tentativas de pacificação dos governos Belisario Betancur e Virgilio Barco. A última negociação oficial entre as partes ocorreu na zona desmilitarizada de Caguán, entre os anos de 1998 e 2002, durante os anos do governo de Andrés Pastrana.
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À direita, a holandesa Tanja Nijmeijer, nova líder da comitiva de negociação das FARC.
Otimismo
O atual líder das FARC, Rodrigo Londoño Echeverri, o Timochenko, disse à rádio colombiana La FM que está “otimista” com a nova tentativa de diálogo e garantiu que há disposição dentro da guerrilha para “conquistar a paz com justiça social”.
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Ele também disse à emissora que os diálogos têm por objetivo a busca pela paz e também alegou que acredita que “é com essa atitude que vieram todos os porta-vozes”.
Questionado se a opção por debater o cessar-fogo na capital norueguesa ocorreu devido a questões de segurança, concluiu que “qualquer um que tenha ordem de prisão vigente corre risco onde quer que esteja”.
Oportunidade única
Durante o fórum “Juntos pela paz na Colômbia”, em Oslo, o ex-guerrilheiro das FARC Yesid Arteta julgou o encontro entre as delegações “uma oportunidade única para anunciar a paz”.
No evento, Arteta elogiou a escolha dos membros da delegação do governo colombiano, lembrando que o chefe-máximo das FARC, Manuel Marulanda, sempre considerou que nas mesas de negociação deveriam estar presentes delegados das Forças Armadas colombianas.
A seu ver, a comitiva enviada pela guerrilha também apresenta aspectos muito positivos, como a seleção de representantes de diversas gerações do grupo armado. O ativista destacou a importância de Miguel Ángel Pascuas, a quem se refere como “a memória do conflito armado na Colômbia”.
Na hipótese de um fracasso nas negociações, Arteta prevê “um panorama muito obscuro tanto para as FARC quanto para o próprio Estado”. Questionado sobre a decisão das FARC de incluir a holandesa Tanja Nijmeijer no quadro da delegação, Arteta alegou que não pertence mais à guerrilha e que, dessa forma, não poderia emitir uma opinião precisa.
Ataque
Guerrilheiros das Farc detonaram nesta segunda-feira (15/10) uma bomba na ponte que leva a um povoado do leste da Colômbia. O ataque causou a morte de duas pessoas e deixou outras quatro feridas.
Segundo a nota, os rebeldes ativaram “uma bomba de grande poder destrutivo a aproximadamente 50 metros da ponte situada na entrada principal” da vila Puerto Jordán, que pertence ao município araucano de Tame.
Como consequência da explosão morreu um homem e seu filho de 3 anos de idade. Ficaram feridos um adulto de 38 anos, uma jovem de 23 e duas meninas de 5 e 16 anos, respectivamente.
A região de fronteira com a Venezuela conhecida como Catatumbo também sofreu ontem ataques da guerrilha, que derrubou duas torres de energia e iniciou um bloqueio armado para impedir o trânsito de habitantes pelas vias da região.
Tanto a guerrilha como as forças militares mantêm sua batalha nas regiões colombianas em paralelo ao processo de paz porque o pré-acordo que as partes assinaram não contempla o cessar-fogo até que haja uma assinatura definitiva que ponha fim a meio século de conflito na Colômbia.