O governo da Áustria decidiu, nesta terça-feira (05/07), que a repetição do segundo turno das eleições presidenciais de 22 de maio, canceladas pelo Tribunal Constitucional por irregularidades, vai acontecer em 2 de outubro.
Agência Efe
À esquerda, o ambientalista Van der Bellen; à direita, o ultranacionalista Hofer: ambos se enfrentarão em novo pleito
O comunicado foi feito pelo chanceler federal austríaco, Christian Kern, e o vice-chanceler, Reinhard Mitterlehner, após a reunião do conselho de ministros desta terça-feira, informou a agência austríaca APA.
A data tinha sido proposta horas antes pelo ministro do Interior, Wolfgang Sobotka, e, após ser aprovada pelo gabinete, requer agora a aprovação do parlamento, que espera que seja apenas uma mera formalidade.
Mitterlehner ressaltou a importância da não repetição dos “erros” que levaram o Tribunal Constitucional na sexta-feira (01/07) a anular o resultado e ordenar a repetição da votação.
“Foram erros meramente técnicos, que poderiam ter sido evitados sem problemas”, disse o vice-chanceler, que por outro lado considerou que “seria preciso convidar” a OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) a enviar observadores à eleição, não porque a Áustria necessite de sua ajuda, mas porque, espera, poderão certificar a correção do processo eleitoral.
Com sua decisão, os 14 juízes do Constitucional deram a razão ao ultranacionalista FPÖ (Partido Liberal da Áustria) e seu líder, Heinz Christian Strache, que impugnaram o resultado da votação na qual seu candidato, Norbert Hofer, perdeu por 49,65%, contra 50,35% do ecologista Alexander Van der Bellen.
O Alto Tribunal interrogou 90 testemunhas, entre eles representantes regionais e locais de mesas eleitorais de todo o país, muitos dos quais reconheceram que não foi cumprida ao pé da letra a lei eleitoral, sobretudo no momento e na forma de contar os votos depositados pelo correio.
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Outro fator levado em conta foi o vazamento antes do fechamento das urnas de resultados parciais, especialmente pelos meios de comunicação, desde onde chegaram às redes sociais, o que teoricamente também pode ter afetado a votação.
A taxativa proibição a partir de agora para filtrar esses dados atrasará previsivelmente a publicação de um cálculo confiável sobre o possível ganhador, como fez a televisão pública ORF imediatamente depois do fechamento dos colégios eleitorais às 17h local.
Os observadores políticos esperam que se repita a apertada disputa pela chefia do Estado da Áustria entre o eurocético Hofer e o europeísta Van der Bellen, pois a diferença de votos entre ambos em maio foi de apenas 31 mil.
O presidente em final de mandato do país, Heinz Fischer, deixa o cargo na próxima sexta-feira (08/07) e suas funções serão assumidas de forma interina pelos três presidentes do parlamento austríaco, entre eles o próprio Hofer (que é o terceiro presidente da câmara).