O recém-eleito presidente de governo da Catalunha, Carles Puigdemont, se comprometeu nesta quarta-feira (20/01) a levar o processo separatista da região “com todas as garantias, sem passos em falso, sem improvisações e permanentemente aberto ao diálogo”. De acordo com o líder catalão, o processo levará 18 meses para ser concretizado.
Em seu primeiro comparecimento no parlamento regional após ser eleito chefe do Executivo catalão em 10 de janeiro, Puigdemont disse que levará a comunidade autônoma “às portas de um novo Estado, na forma de uma república independente da Espanha”.
Para isso, o novo presidente — que conta com o apoio da CUP (Candidatura d’Unidade Popular) e da coalizão Junts pel Sí (Juntos pelo Sim), que o elegeram — afirmou que terá uma postura de diálogo principalmente com relação à oposição. “Pedi ao governo uma atitude de diálogo permanente com todos os grupos parlamentários, sem exceção”, disse ele à imprensa.
Agência Efe
Puigdemont em primeiro comparecimento ao parlamento regional catalão após ser eleito presidente de governo
“Confiando que lançaremos para frente a legislatura [do projeto de independência] e tendo um acordo que garante a estabilidade parlamentar com a CUP, queremos chegar a quantos acordos forem possíveis e com todos os grupos possíveis”, explicou o novo presidente.
Puigdemont também informou a composição e a estrutura de seu gabinete, assim como suas prioridades nesta legislatura, que em princípio terá a duração de um ano e meio.
Oposição
Contra o acordo independentista entre o Junts pel Sí e a CUP estão outros quatro partidos com representação no parlamento regional catalão: Ciudadanos (liberais), PSC (Partido Socialista da Catalunha), CSQP (Catalunha Sím se Pode, de esquerda) e PP (Partido Popular, de centro-direita). Seus respectivos porta-vozes comentaram o posicionamento de Puigdemont.
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Inés Arrimadas, a porta-voz do Ciudadanos, advertiu que, com suas pretensões independentistas, o Executivo regional põe em perigo o nível de autonomia alcançado pela Catalunha após décadas e, além disso, não representa todos os cidadãos da região, que possui cerca de 7,5 milhões de habitantes.
O porta-voz do PSC, Miquel Iceta, por outro lado, se mostrou mais aberto a acordos com Puigdemont em assuntos que saiam do plano independentista. “Vemos uma atuação mais cautelosa, mais pensada e mais segura. Se o tempo confirmar esta sensação, [Puigdemont] poderá contar com a leal colaboração do nosso grupo”, pontuou Iceta.
Representando o CSQP, Lluís Rabell afirmou que seu partido quer ver até onde o governo do novo presidente irá com a gestão da economia: “trata-se de saber se sua filosofia é se basear na continuidade dos últimos Executivos, ou se pretende instalar uma mudança”, explicou Rabell. Segundo ele, em uma primeira análise, há vários elementos negativos no novo governo, “como a falta de um compromisso claro contra a corrupção”.
“O senhor começou mal nos assuntos relacionados a transferências de dinheiro a empresas privadas, sócios do seu negócio sendo premiados com cargos na rádio pública ou políticos que foram nomeados conselheiros e autorizam mais transferências de dinheiro”, disse o líder do PP, Xavier García Albiol, que deixou claro que não pretende apoiar Puigdemont em nenhum momento.
O presidente terá também que enfrentar as exigências de seu sócio, a CUP. O novo deputado do partido Joan Garriga repetiu um dos lemas do acordo entre eles: “punho fechado aos cortes sociais e mão estendida em direção à ruptura” e advertiu que a CUP estará vigiando o governo para ver se as promessas serão cumpridas.