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Depois de anos de acentuada diminuição, acompanhando a recessão ocorrida entre 2007 e 2009, a população de imigrantes sem documentos nos EUA pode estar aumentando de novo, segundo uma pesquisa publicada nesta segunda-feira (23/09).
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Segundo o PRC (Pew Research Center), instituto responsável pela pesquisa, o número total de imigrantes sem documentos nos EUA em março de 2012 era de 11,7 milhões. O auge dessa população foi atingido em 2007, com 12,2 milhões de imigrantes sem papeis, caindo posteriormente para 11,3 milhões em 2009.
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De acordo com o centro de pesquisa, outras evidências do aumento da entrada desses imigrantes nos EUA vêm de dados do governo sobre apreensões realizadas na fronteira com o México. Após terem diminuído drasticamente entre 2007 e 2011, as detenções aumentaram levemente em 2012, chegando a 365 mil. Entretanto, o instituto frisa que isso se deveu ao maior número de imigrantes de fora do México, uma vez que a apreensão de mexicanos continuou em declínio.
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O PRC, entretanto, deixa claro que, apesar de a população de imigrantes que moram nos EUA sem autorização legal, aparentemente, ter voltado a crescer, os dados são insuficientes para afirmar algo em definitivo. Como justificativa, o instituto cita que a variação dessa população entre 2010 (11,4 milhões), 2011 (11,5 milhões) e 2012 (11,7 milhões) não é estatisticamente relevante.
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Os novos números são apresentados em um momento crucial para a situação de imigrantes sem documentos nos EUA. Em julho, o Senado aprovou um projeto de lei que dedicaria U$S 46 bilhões para proteger a fronteira sul dos EUA e permitiria a essa população de 11,7 milhões de pessoas se aplicar a ter cidadania norte-americana após 13 anos, em uma decisão considerada histórica.
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A Câmara dos Deputados, entretanto, com predomínio de republicanos, está relutante em conceder cidadania a imigrantes sem autorização legal para permanecer no país antes de proteger totalmente a fronteira e pode utilizar os dados publicados hoje a favor de sua causa.
Segundo Tamar Jacoby, presidente da ImmigrationsWork USA, um lobby empresarial que apoiou o projeto aprovado pelo Senado, há três grandes razões pelas quais o fluxo de imigrantes sem documentos que entravam nos EUA diminuiu tanto entre 2007 e 2009. A economia norte-americana estava “afundando”, a segurança na fronteira continuava aumentando e a economia mexicana crescia a ponto de fazer muitos possíveis imigrantes ficarem em seu próprio país.
“Duas dessas coisas não mudaram”, afirmou Jacoby. “A segurança nas fronteiras ainda é muito forte e a economia no México não parou de crescer. Então, a única conclusão a que podemos chegar é que a economia dos EUA está melhorando e atraindo mais trabalhadores”.
Outros, entretanto, culpam a postura relutante do governo de Barack Obama em fazer cumprir integralmente as leis de imigração, tanto na fronteira quanto dentro do país. Rosemary Jenks, diretora de relações governamentais do NumbersUSA, que se opôs ao Senado, afirmou que o Departamento de Segurança Interna tem metodicamente diminuído o número de deportações de imigrantes sem papeis.
Segundo ela, esse tipo de medida não fornece “absolutamente nenhum desincentivo” a pessoas de outros países pensando em entrar nos EUA sem autorização legal. “[Os novos números] significam que, obviamente, nós não temos fronteiras seguras”, afirmou Jenks. “Uma vez que os imigrantes sem documentos estão no país, virtualmente não têm medo de serem pegos e deportados. Esta administração tem prejudicado a aplicação das leis de imigração de forma consistente e isso está tendo um impacto”.