A organização MSF (Médicos Sem Fronteiras) alertou nesta quarta-feira (11/01) que a cólera pode voltar a ter um foco epidêmico no Haiti e denunciou que os haitianos ainda não têm acesso universal para cuidados de emergência na capital, Porto Príncipe.
Às vésperas do segundo aniversário do trágico terremoto que atingiu a ilha, a MSF lembrou que “quase todo mundo perdeu um parente, amigo ou vizinho durante o terremoto daquele dia e muitos sobreviventes continuam a sofrer os efeitos físicos ou psicológicos do desastre”.
“As pilhas de escombros e buracos pelas ruas da capital Porto Príncipe são a prova de que a própria cidade ainda carrega as cicatrizes”, detalhou a entidade.
Sobre a epidemia de cólera, a organização atestou que “centenas de milhares de pessoas ainda vivem em condições terríveis nos acampamentos improvisados”. “O acesso à água potável e ao saneamento adequado ainda é muito limitado em todo o país, especialmente em áreas rurais e remotas”, o que “favorece a propagação de doenças infecciosas”.
Para o chefe da missão de MSF no Haiti, Gerard Bedock, “ainda vai demorar muito para reconstruir o sistema sanitário haitiano”. “Enquanto isso, trabalhamos para preencher as lacunas nos tratamentos médicos e fazer frente às possíveis novas emergências, como a de cólera”.
“Apesar do número de novos casos ter diminuído significativamente, ainda se registram centenas de casos a cada semana e o risco de surtos sazonais continua muito elevado. Devemos estar muito vigilantes”, acrescentou Wendy Lai, coordenador médico de MSF.
O MSF já trabalhava no Haiti antes do terremoto e, naquele dia, perdeu 12 de seus funcionários. O centro de traumatologia La Trinité e a clínica obstétrica e ginecológica Solidarité, do MSF, também foram destruídos.
Desde então, a entidade tem apoiado o Ministério da Saúde em um hospital armado em tendas e construiu quatro hospitais de emergência nas áreas atingidas pelo abalo sísmico, onde vivem hoje quase dois milhões de pessoas.
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