Efe
Obama recebe camiseta de time de basquete universitário; rotina de estrela pop marca início da campanha para a reeleição
Nas últimas semanas, Barack Obama raramente tem dormido na Casa Branca. Todo o seu tempo tem sido ocupado por comícios de campanha, entrevistas nas televisão – numa delas surpreendeu ao anunciar apoio ao casamento gay – jantares com estrelas de Hollywood, e com os beijos, muitos beijos, em tudo que é criança.
O presidente-candidato desdobrou-se com sua mulher Michelle e, se não aparecem juntos em eventos de campanha, o fazem separadamente, em comícios que chegam a reunir 20.000 pessoas.
Desde que ficou claro que o rival do democrata na campanha presidencial será o republicano Mitt Romney, Obama lançou um esforço eleitoral gigantesco, sem precedentes, que o levou a ser um personagem onipresente na mídia norte-americana.
“Era o que se esperava. No último ano, o presidente conseguiu angariar quase 100 milhões de dólares e esta campanha vai ser uma das mais ferozes de todos os tempos”, explicou ao Opera Mundi o estrategista democrata Miguel Alonso, um dos responsáveis pela campanha na Florida – considerado um dos estados chave para chegar à Casa Branca.
“É preciso começar já, não há um minuto a perder, porque os republicanos estão desesperados e vão dar tudo por tudo”, acrescentou o coordenador de campanha.
O discurso do presidente passa por diversos temas. Do desemprego à imigração, da recuperação dos bancos à crise imobiliária, da guerra no Afeganistão ao julgamento dos presos de Al Qaeda na base de Guantánamo. E, claro, da união civil entre pessoas do mesmo sexo.
É uma ofensiva tão radical que os republicanos parecem ter sido pegos de surpresa e a Mitt Romney não resta outra possibilidade, pelo menos de momento, senão ir a reboque de Obama. Na última semana, o candidato republicano tem-se limitado apenas a responder a Obama, não a apresentar suas propostas. Um exemplo foi a busca do apoio da comunidade evangélica do estado pêndulo da Virginia, após a entrevista de Obama à rede ABC.
Desemprego
No entanto, Obama também ter seus percalços. O presidente enfrenta dificuldades em explicar como o desemprego não diminuiu depois do lançamento do seu plano de recuperação no ano passado. “Nos últimos seis meses o desemprego estabilizou. Temos 8% a nível nacional e tudo indica que vai descer”, afirmou na quinta-feira num discurso no Ohio.
O que Obama não explicou é que o desemprego não diminuiu, na verdade o que ocorreu é que não aumentaram os pedidos de seguro-desemprego, que constitui o indicador que normalmente o governo federal usa para medir a taxa de desemprego. O método, porém, nem sempre é confiável. O seguro-desemprego tem um limite e quando ele é atingido, os desempregados desaparecem das estatísticas.
“É um truque. A verdade é que a iniciativa privada não está criando postos de trabalho, a economia não está saudável. Não vemos um crescimento dos pequenos negócios e os nossos veteranos que voltam da guerra não conseguem emprego”, apontou ao Opera Mundi, o estrategista republicano John Eligton, que fez parte da equipe do senador John McCain, derrotado por Obama em 2008.
Segundo Eligton, o setor privado não consegue abrir mais postos de trabalho porque o governo federal afoga o setor em impostos. “Não há forma, não temos saída. A economia não se desenvolve aumentando os impostos. A única solução é congelar o nível de impostos aos empresários para que esse dinheiro liberado, seja aplicado em investimentos que aumentem a produtividade. O governo não tem nada a ver com isto”, afirmou.
Obama limita-se a dizer que criou programas para a reinserção dos veteranos na força laboral norte-americana, mas a verdade é que, segundo a central sindical AFL-CIO, os programas governamentais são insuficientes e um número cada vez maior de veteranos de guerra não consegue encontrar emprego. “O desafio que temos pela frente é a realidade de, nos últimos 10 anos, mais trabalho não produziu um aumento de salários, e que mais lucros também não criaram melhores empregos”, admitiu o presidente em Ohio.
A grande diferença entre Romney e Obama é que o primeiro aposta na criação de empregos por parte do setor privado, enquanto que o presidente acha que, se bem isso é importante, o governo também deve participar dessa criação.
Segundo a última sondagem do instituto Gallup, o desemprego é a principal preocupação do eleitoral, seguido pela economia em si, habitação, imigração e, muito distante, a guerra.
Para a sorte de Romney, a ofensiva de Obama tem servido para garantir o apoio dos barões do Partido Republicano, que durante a campanha pelas primárias se dividiram entre os 11 candidatos que se apresentaram e nunca o tiveram como santo de sua devoção.
“Vamos esquecer o passado e acabar com isto. É preciso conseguir para Romney a maioria dos delegados na convenção do partido e depois elegê-lo para a Casa Branca”, disse Peggy Lambert, membro do Comitê Nacional Republicano.
Santorum e Gingrich já disseram, com certa frieza, que vão apoiar Romney. Nenhum deles se reuniu em privado com o candidato, fizeram o anuncio através de twitter, porque as rivalidades ainda são grandes. Mas para os republicanos, neste momento a palavra de ordem é “qualquer coisa, menos Obama”.
“Acho que o processo (de escolha do candidato) já se definiu o suficiente para nos virarmos para o verdadeiro objetivo que é tirar Obama da Casa Branca. Esse é o objetivo número 1. Romney é a única esperança, e o melhor que temos a fazer é saltar para o seu barco”, disse outro membro do Comitê Nacional Republicano, Jonathan Barnett.
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