O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) ameaçou neste sábado (21/04) aprovar sanções contra a junta que tomou o poder na Guiné-Bissau, caso o poder civil não seja restabelecido rapidamente.
Em comunicado, o Conselho “condenou com veemência o golpe de Estado” de 12 de abril, pedindo a libertação “imediata e incondicional” dos dirigentes detidos por militares, entre eles o presidente interino Raimundo Pereira e o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior. O órgão também pediu o retorno da ordem constitucional, através de um governo legítimo”.
O organismo rejeitou a criação por parte da junta de um conselho nacional de transição. E também apoiou a decisão da União Africana de suspender a Guiné-Bissau de seus quadros.
Segundo o comunicado, o Conselho apoia os esforços da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), da União Africana e da Cedeao (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental) para pressionar a junta, indica a nota.
Os 15 países membros do Conselho também se declararam “preparados para tomar outras medidas eventuais, entre elas impor sanções contra os autores do golpe militar e seus partidários, se a crise não for solucionada”, acrescentou o comunicado, lido pela presidente em exercício do Conselho, a embaixadora norte-americana Susan Rice.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, deverá enviar um relatório ao Conselho de Segurança até o dia 30 de abril sobre a evolução da situação na Guiné-Bissau.
Na quinta-feira, os países de língua portuguesa, com a liderança de Portugal e Angola, defenderam, no Conselho, o envio de uma força pela ONU para “restabelecer a ordem constitucional” no país.
Uma eventual “força de manutenção da paz” ou “missão de estabilização” poderá ser integrada por contingentes da África Ocidental e de países lusófonos, principalmente soldados angolanos, já presentes na Guiné-Bissau, como parte de um acordo bilateral de cooperação, e ainda tropas de Cabo Verde.
Pouco depois, a junta que tomou o poder no país reagiu à advertência da ONU, anunciando que o acordo de transição divulgado na véspera era apenas uma “proposta”, dizendo-se, ao mesmo tempo, “profundamente comprometida com a busca de uma solução para a crise”.
“Não era um anúncio oficial”, garantiu o porta-voz da junta, o tenente-coronel Daba Da Walna, ouvido por telefone pela agência de notícias France Presse.
O golpe de Estado foi executado entre dois turnos das eleições presidenciais.
Enquanto isto, a reunião de cúpula sobre a crise na Guiné-Bissau, prevista para segunda-feira, em Conacri, capital da Guiné, foi cancelada. Ela contava com a presença de vários chefes de Estado da África Ocidental. A suspensão foi confirmada depois de a junta militar anunciar a “grave decisão” de instaurar uma transição de dois anos no país.
(*) com agências internacionais
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