Segunda-feira, 14 de julho de 2025
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Enquanto o primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, tenta manter a maioria parlamentar e a viabilidade de seu governo, os partidos de oposição se mobilizam e pedem a realização de novas eleições. Por ora, o CDS-PP (Centro Democrático Social-Partido Popular), de orientação conservadora e democrata-cristã, principal partido da base aliada ao governo do PSD (Partido Social-Democrata), decidiu, após reunião nesta quarta-feira (03/07) manter os ministros no Executivo, mas ainda não se decidiu sobre o futuro da aliança.

Caberá ao ministro demissionário do Ministério de Relações Exteriores, Paulo Portas, número 2 do governo, negociar diretamente com o governo a crise política. Portas iniciou uma crise política ao se demitir na terça-feira (02), sem avisar seu próprio partido, por discordar dos rumos da política econômica e da nomeação da nova ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque. Para Portas, ela  representa uma continuidade.

O líder do Partido Socialista, principal legenda de oposição em Portugal, António José Seguro, pediu nesta quarta-feira para que as eleições sejam antecipadas para 29 de setembro, após se reunir com o presidente, Aníbal Cavaco Silva. Ele, por sua vez, recebeu Seguro após um pedido em caráter de urgência do líder socialista. No entanto, diante da situação criada ontem pela renúncia de Portas, o presidente também convocou consultas com Passos Coelho, que será recebido amanhã, assim como com os demais partidos.

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Seguro disse aos jornalistas que Portugal necessita “um governo forte”, que equilibre as contas do país e supere a crise aberta pela renúncia do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiro, Paulo Portas, líder do partido CDS-PP (Centro Democrático Social-Partido Popular), de orientação conservadora e democrata-cristã. Juntos, o partido do premiê, o PSD (Partido Social-Democrata) e o CDS-PP garantem a maioria absoluta do Executivo conservador. Agora, após a decisão de Portas em demitir-se, os dois partidos ainda negociam para tentar manter a coalizão.

O líder parlamentar do PS, Carlos Zorrinho, afirmou que o “nível inimaginável” da crise é “fruto da irresponsabilidade do governo”. O socialista citou a carta de demissão do ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar e do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas para ressaltar a “incapacidade de liderança” do primeiro-ministro e o fato da “fonte primária de instabilidade política e social” ser o governo.

A “falta de sentido de Estado” do primeiro-ministro e a exigência que “a palavra seja devolvida aos portugueses” pela “saúde democrática” apontam como “única solução” a realização de eleições, concluiu Zorrinho.

Ministros da democracia-cristã continuam por ora nos cargos; Passos Coelho deverá se reunir com Portas

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A mesma posição foi defendida pelo Bloco de Esquerda. A coordenadora Catarina Martins disse que a crise política é sinônimo de “irresponsabilidade máxima” e sinal de “absoluto desprezo pelos cidadãos”. A deputada acusou o primeiro-ministro de ter “zero sentido de Estado” e de estar “agarrado ao poder”. Para ela, a realização de eleições é a “única resposta” que “resgata” a democracia.

Bernardino Soares, líder parlamentar do PCP (Partido Comunista de Portugal), sublinhou que a “derrota profunda” do governo é “fruto da luta das populações e trabalhadores” e que a demissão de toda a equipe é a “única medida aceitável”.

Entre os Verdes-Ecologia, qualquer outra solução que não a realização eleições é “traição ao país”. Heloísa Apolónia denunciou a “total falta de lucidez” do primeiro-ministro e a “total inutilidade” do presidente da República se não dissolver a Assembleia da República, um “imperativo nacional” para o partido, que considera até mesmo propor uma moção de censura ao governo. “Não abdicaremos de nenhum, de nenhum, dos instrumentos que temos ao nosso alcance e ao nosso dispor para pôr fim a esta crise”, afirmou.

O Parlamento português é formado por 230 representantes. O PSD possui 108 e consegue a maioria simples coligado com o CSD-PP, com 24. Participam da oposição o PS (74), o PCP (14), o Bloco de Esquerda (8) e os Verdes (2).