O orçamento apresentado pelo presidente Barack Obama prevê uma diminuição da verba investida pelo Departamento de Estado na América Latina, em particular no México e na Colômbia, os dois maiores receptores. No ano fiscal de 2011, que começa em outubro, o governo pretende destinar 2,044 bilhões de dólares em ajuda militar e desenvolvimento da região, quase 10% menos que os 2,21 bilhões atuais.
O subsecretário de Estado, Jacob Lew, admitiu ontem (1º), em coletiva de imprensa, a previsão de redução nos recursos para os dois principais programas na região: Plano Colômbia, que deverá contar com 465,5 milhões de dólares (55 milhões a menos que o atual),
e Iniciativa Mérida, com 410 milhões (1,3 milhão a menos). A proposta orçamentária ainda será analisada pelo Congresso.
A Iniciativa Mérida é destinada a lutar contra o crime
organizado com apoio material, pessoal e treinamento das forças de
segurança no México, América Central e Caribe. Já o Plano Colômbia
investiu desde 2000 mais de seis bilhões de dólares no país
sul-americano, em treinamento e armas para combate ao narcotráfico.
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Segundo Lew, “já completamos a compra de helicópteros no México e agora estamos caminhando em direção a uma etapa diferente. O Plano Colômbia vai na mesma linha. Um [projeto] passa da primeira fase para a segunda fase, uma vez concluída a compra de equipamentos pesados. Assim, há certas áreas em que os números diminuem. Essas são razões positivas”.
Reações
O embaixador mexicano nos EUA, Arturo Sarukhán, não viu com maus olhos a decisão de Washington, que cortou 1,3 milhão de dólares do orçamento para o México. “A solicitação de recursos ao Congresso por si só reflete o sólido compromisso da administração Obama em seguir financiando a cooperação com o México, operando em ambos os países”, disse, segundo o jornal mexicano El Universal.
A oposição criticou a Iniciativa Mérida, adotada desde 2007, alegando que o programa não teve efeito na diminuição do crime organizado. Em entrevista ao Diário de Yucatán, Humberto Benítez Treviño, deputado pelo PRI PRI (Partido Revolucionário Institucional) e presidente da Comissão de Justiça e Paz, afirmou que “se alguém deveria ter mais interesse na luta contra as drogas são os EUA, pois o país é o principal consumidor de drogas do mundo”.
EFE (1/2/2010)
Obama cortou o orçamento em quase todos os setores, inclusive interesses na América Latina
Já a embaixadora colombiana em Washington classificou como previsível a diminuição do valor destinado à região. Carolina Barco afirmou hoje (2) que o corte já era analisado no Congresso norte-americano. “Tudo foi feito de forma coordenada e generosa. Recebemos até hoje mais de sete bilhões de dólares, o que ajuda na luta contra o narcotráfico”, celebrou a diplomata em entrevista à rádio Caracol.
Ontem foi noticiado que o ministro da Defesa colombiano, Gabriel Silva, viajará aos EUA na semana próxima para pressionar os líderes do Congresso a manter a ajuda ao Plano Colômbia.
Mais fundos
Mesmo com os cortes para a América Latina, o departamento de Estado terá mais fundos para o ano fiscal de 2011 de acordo com o plano orçamentário apresentado nesta segunda. Seus recursos serão elevados de 50,7 bilhões, no exercício atual, para 56,8 no seguinte.
A maioria das outras áreas do governo não terá a mesma sorte, pois a proposta impõe o congelamento parcial dos gastos durante três anos para controlar o déficit do governo.
A proposta deve ser debatida no Congresso, onde os deputados normalmente modificam os números propostos pela Casa Branca.
Jim Lo Scalzo/EFE
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