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Caso o Tribunal Constitucional seja acionado, a expectativa é a de que o exame da legalidade do Orçamento dure cerca de seis meses, como ocorreu este ano quando julgou inconstitucional o corte dos pagamentos de férias e de Natal (décimo terceiro salário) dos funcionários públicos e dos pensionistas proposto no Orçamento de Estado de 2012.
Além da perspectiva de grande demanda jurídica, a virada no ano deve acirrar ânimos políticos. Partidos de oposição e da própria sustentação do governo querem que o Poder Executivo modere nas medidas fiscais. Ainda resistente, o PSD (Partido Social Democrata), principal legenda de sustentação do governo, aposta que 2013 será o último ano de arrocho econômico e espera que em 2014 (ano de eleição) o país já esteja fora da intervenção da Troika.
O PSD é coligado com o CDS-PP (Centro Democrático Social – Partido Popular) que, segundo a imprensa portuguesa, adiou o congresso interno previsto para março para dar mais tempo à execução orçamentária. O congresso do partido tem poderes para decidir sobre a permanência da legenda no governo. Sem o CDS-PP, o gabinete de Passos Coelho perde a maioria na Assembleia da República.
De acordo com pesquisas de opinião, divulgadas pela imprensa lusitana no último fim de semana, os dois partidos do governo têm perdido popularidade. A aprovação do governo pode cair ainda mais em fevereiro após o pagamento de salários com nova taxação de impostos, prevista no Orçamento de 2013.
O desfecho da crise em Portugal é acompanhado pelo governo e por empresários brasileiros. Na última sexta-feira (14), o vice-presidente Michel Temer esteve com Cavaco Silva, em Lisboa, e tratou das privatizações de companhias portuguesas das quais empresas com capital brasileiro participam, como é o caso da companhia TAP (Transportes Aéreos Portugueses), dos Estaleiros Navais Viana do Castelo, além da empresa aeroportuária ANA Aeroportos de Portugal.