A Petrobras confirmou o avanço nas negociações para incorporar definitivamente a PDVSA, empresa petrolífera estatal venezuelana, como sócia na construção da refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE), que deve entrar em funcionamento no final de 2011.
O anúncio veio um dia depois de o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, reiterar que o “acordo definitivo” entre as companhias será assinado em setembro.
Segundo ele, os “pontos” que impediam o acerto foram “solucionados” em reunião realizada nesta semana com o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.
Chávez e Gabrielli também discutiram os “novos negócios de prospecção e produção de petróleo da Petrobras no Campo Carabobo I” da Faixa do Orinoco, uma “área de imenso potencial de reservas de petróleo extrapesado”, segundo comunicado em nota oficial.
De acordo com informações da agência EFE, o pacto entre as companhias será firmado em uma nova reunião trimestral de trabalho com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, embora não tenha sido divulgada a data e nem o local do encontro. No entanto, Chávez ressaltou que a ocasião servirá também para a assinatura de um “conjunto de novos convênios” no setor de energia com o Brasil.
De longa data
A PDVSA e a Petrobras negociam desde 2005 o desenvolvimento conjunto da refinaria Abreu e Lima, cuja construção já começou unilateralmente por iniciativa da estatal brasileira.
Em maio deste ano, as duas petrolíferas prorrogaram por 90 dias o contrato de associação assinado pelos dois países em 2008 para desenvolver a refinaria bilateral, que exige investimentos de US$ 4,5 bilhões para sua construção.
Entre os pontos que impediam o acordo empresarial estavam o preço que o Brasil pagará à Venezuela pelo petróleo que fornecerá à refinaria e a distribuição de produtos refinados por parte da PDVSA em território brasileiro. “O acordo alcançado vai permitir o acesso a uma parte do mercado interno do Brasil”, disse Chávez, sem fornecer mais detalhes.
O presidente venezuelano também leu um comunicado da Petrobras que dizia que ambas as empresas fornecerão “50% dos 200 mil barris” de petróleo que serão processados pela refinaria.
Mais acordos
Além do acordo com a Petrobras, a PDVSA também assinou nesta semana um contrato com a espanhola Repsol YPF, para fornecimento de um milhão de barris de petróleo, a ser refinado na Espanha.
O acordo, assinado pelo presidente da Repsol YPF, Antonio Brufau, estipula também a compra de outros 380 mil barris para refinamento no Peru.
O processo de provisão dos 1,38 milhão de barris se prolongará durante um ano, com carregamentos mensais. O preço oscilará, já que há diferentes qualidades de petróleo.
A Repsol YPF assinou outros quatro acordos para assegurar sua posição na maior potência petrolífera da América do Sul.
As companhias espanholas Iberdrola Ingeniería y Construcción (Iberinco) e Elecnor construirão uma usina de ciclo combinado no leste venezuelano para a PDVSA, com investimentos de US$ 2 bilhões, dos quais pouco mais da metade corresponde ao consórcio espanhol, com uma participação de 60% da Iberdrola e de 40% da Elecnor.
No ato, foram firmados também acordos de cooperação técnica para a provisão de uma ferrovia no leste de Caracas. Chávez, em discurso, pediu um trabalho conjunto em mais projetos, envolvendo energia eólica e construção de casas.
Visita encerra polêmica
A visita de três dias do ministro de Assuntos Exteriores espanhol, Miguel Ángel Moratinos, a Caracas, além de selar acordos na área energética, fortaleceu a relação entre os dois países. Em discurso após a assinatura dos contratos com Repsol YPF e Iberdrola, o presidente Hugo Chávez classificou como “muito importante, muito oportuna, refrescante e fortalecedora” o encontro com Moratinos que terminou ontem (29).
O presidente venezuelano afirmou que recebia com “muito afeto” a saudação do rei Juan Carlos e do presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, encerrando assim o episódio gerado pelo “Por que não te calas”, frase do monarca ao presidente venezuelano no final de 2007.
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