A polícia esvaziou a embaixada britânica em Teerã e suas imediações depois de sua delegação ter sofrido três ataques de estudantes islâmicos nesta terça-feira (29/11). Eles protestavam contra as novas sanções impostas por Londres ao país persa.
Segundo vários meios de comunicação iranianos, a situação na área da embaixada britânica, localizada no norte de Teerã, se normalizou por volta das 20h15 da hora local (14h45 de Brasília), quando os agentes de segurança investiram contra os estudantes, que tinham iniciado sua concentração em frente à legação às 14h (local).
Anteriormente, segundo a agência “Fars”, o subcomandante da Polícia do Irã, general Ahmad Reza Radan, se deslocou à embaixada e deu um ultimato aos estudantes para que deixassem o local e dissolvessem a concentração.
Após as 15h30 (10h de Brasília), dezenas de manifestantes enfrentaram os policiais que os vigiavam, pularam o muro que cerca a embaixada e, após retirar e queimar a bandeira britânica, içaram a iraniana no mastro do edifício.
Em seguida, entraram no prédio, saquearam documentos e os jogaram pelas janelas e, segundo a “Fars”, também destruíram um retrato da rainha Elizabeth II.
Segundo a agência “Mehr”, os funcionários da embaixada haviam sido retirados antes do início do incidente.
No entanto, a “Fars” indicou que os estudantes retiveram seis membros não identificados do pessoal da embaixada britânica, que foram libertados pela polícia e entregues a um representante do Reino Unido.
Por volta das 18h (12h30 de Brasília), um novo grupo de estudantes islâmicos atacou pela segunda vez a embaixada e saqueou e destruiu mais documentos.
Pelo fato de dezenas de estudantes terem sido detidos, os manifestantes radicalizaram sua postura e exigiram a libertação de seus companheiros, afirmando que não interromperiam o protesto.
No final da tarde, os jovens divulgaram um comunicado no qual reiteravam o pedido de expulsão imediata do embaixador britânico e o rompimento total das relações com o Reino Unido.
Além disso, defendiam a ocupação permanente da embaixada britânica, como aconteceu com a dos Estados Unidos em 4 de novembro de 1979, que durou 444 dias e representou a ruptura de relações diplomáticas entre Washington e Teerã.
Segundo a agência “Irna”, outros manifestantes também entraram na residência do embaixador britânico, que fica em outro ponto de Teerã, e causaram alguns danos antes de serem expulsos pela polícia.
Após as 19h (hora local), um terceiro ataque de estudantes à embaixada foi iniciado e quase uma hora e meia depois a polícia conseguiu finalmente acabar com o protesto.
O Ministério das Relações Exteriores do Irã lamentou em comunicado “o comportamento inaceitável de alguns manifestantes” nas instalações diplomáticas britânicas e destacou o respeito da Chancelaria iraniana à legislação internacional e à imunidade dos funcionários e dos recintos diplomáticos.
Os ataques ocorreram dois dias depois que o Parlamento iraniano ratificou por grande maioria uma lei para diminuir as relações com o Reino Unido, o que representa a retirada de embaixadores.
A redução das relações é uma resposta à decisão britânica adotada no último dia 21 de impor novas sanções ao Irã por conta da suspeita levantada pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) de que o programa nuclear iraniano tem uma vertente militar, o que Teerã nega taxativamente.
A União Europeia também estuda a imposição de novas sanções ao Irã, enquanto a Rússia as considera ilegais e inadequadas ao reduzirem as possibilidades de estabelecer uma negociação com Teerã a respeito de seu programa nuclear.
Resposta
O Reino Unido considerou o Governo iraniano responsável pela “falha muito grave” de segurança que permitiu o ataque à embaixada, e alertou que o incidente acarretará “sérias” consequências”.
O Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido recomendou que seus cidadãos evitem as viagens não essenciais ao Irã e pediu ao pequeno número de britânicos que se encontram nesse país que permaneçam em suas casas.
Em comunicado, o ministro de Relações Exteriores, William Hague, disse que todo o pessoal britânico da embaixada em Teerã e suas famílias (um total de 24 pessoas) foi localizado e que agora tentam estabelecer o local onde se encontram todos os empregados de segurança da legação.
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