O conservador Fine Gael, partido vencedor das eleições irlandesas, e o Partido Trabalhista entraram em um acordo neste domingo (06/03) para formar um governo de coalizão e fazer frente a uma das épocas “mais negras na história do estado independente”, como informaram em comunicado.
As duas formações anunciaram um programa de governo, formado por um documento de 64 páginas, fruto de seis dias de negociações e que foi aprovado neste domingo por uma ampla representação de seus membros em reuniões realizadas em Dublin.
O futuro primeiro-ministro, o conservador Enda Kenny, e o líder trabalhista, Eamon Gilmore, se comprometem assim a compartilhar o Executivo para conseguir um de seus objetivos prioritários: renegociar os termos do resgate à Irlanda por parte da União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), avaliado em 85 bilhões de euros.
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Para isso, será criado um novo Departamento de Economia formado por dois ministros, um com competências sobre política orçamentária, fiscal e bancária e outro que supervisionará a reforma do setor público irlandês e as demais despesa do Estado.
Os dois titulares farão parte, junto a outros dois membros de cada partido, de uma espécie de “Conselho Econômico” dentro do gabinete de governo, com poderes absolutos para marcar a direção da política econômica nacional, razão pela que a imprensa irlandesa o qualifica já de “super ministério”.
Durante as negociações, conservadores e trabalhistas foram cedendo em suas posturas, recolhidas em seus respectivos declarações públicas eleitorais, até encontrar um ponto convergente a respeito a assuntos relacionados ao resgate da UE e do FMI.
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Os dois organismos internacionais acreditam que o avanço no saneamento do sistema bancário da Irlanda deve ser tratado como prioridade e estipula que o país cumpra as medidas encaminhadas a fim de reduzir o déficit público em até 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014.
O FG e os trabalhistas se comprometem em alcançar esse objetivo em 2015, um ano mais tarde do fixado pela UE e pelo FMI, mas 12 meses antes do que queriam Gilmore e sua equipe de negociação.
Kenny acreditava ser factível cumprir essa meta através de uma política de fiscalização baixa e da aplicação de um severo programa de cortes da despesa social, enquanto Gilmore advogava por um enfoque que combinasse as duas medidas e suavizasse o impacto da crise nas classes mais desfavorecidas.
Os conservadores também queriam reformar o setor público através da eliminação de 30 mil postos de funcionários para 2014, número que os trabalhistas rebaixaram para 21 mil durante os próximos dois anos e 5 mil mais a partir de 2015.
Também trabalharão para aplicar a reforma do sistema político nacional, que prevê a redução do tamanho da Câmara Baixa, o que afetará também aos salários, despesas e dietas dos deputados, e a convocação de um plebiscito sobre a abolição do Senado.
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