A polícia da Suíça realizou nesta quarta-feira (06/04) uma operação de busca nos escritórios da Uefa (União das Associações Europeias de Futebol), órgão máximo do futebol europeu e que está sediado na cidade de Nyon, na Suíça. A ação ocorreu após funcionários do alto escalão da Uefa terem sido citados nos “Panama Papers”.
De acordo com a Procuradoria-Geral da Suíça, a busca ocorreu “de modo cooperativo” e nenhum indivíduo, pelo menos até o momento, está sendo especificamente investigado pelas autoridades. “A busca foi motivada pela suspeita criminal de má administração e sonegação”, declarou o órgão por meio de um comunicado.
EFE
Sede da Uefa, em Nyon (Suíça), foi alvo de operação policial nesta quarta-feira (06/04)
A polícia buscava evidências a respeito de denúncias envolvendo a transmissão da Liga dos Campeões, principal campeonato europeu de clubes, na América do Sul, contrato citado nos “Panama Papers”. Os direitos de transmissão do torneio teriam sido negociados com uma empresa que pertence a Hugo Jinkins, empresário indiciado no ano passado pelo FBI nas investigações de corrupção envolvendo a Fifa (Federação Internacional de Futebol). Jinkins é acusado de pagar propinas a altos funcionários da Fifa em troca de direitos de transmissão de torneios.
NULL
NULL
Segundo os vazamentos, entre 2003 e 2006 os contratos teriam sido assinados pelo então diretor de serviços legais, Gianni Infantino, atual presidente da Fifa e ex-secretário geral da Uefa. Infantino nega que ele ou a Uefa tenham cometido algum delito no caso. “Estou consternado e não irei aceitar que minha integridade seja questionada por certas áreas da mídia”, declarou.
A empresa Cross Trading, de Jinkins, comprou em 2006 os direitos de transmissão televisiva da Liga dos Campeões por US$ 111 mil e em seguida os revendeu à emissora equatoriana Teleamazonas por US$ 311 mil.
Os documentos indicam ainda o envolvimento de Cross Trading com o funcionário da Fifa Juan Pedro Damiani. Segundo apuração da agência de notícias AFP, Damiani, que já era alvo de uma investigação interna, pediu demissão do comitê de ética da entidade. Ele também era acusado de prestar serviços jurídicos a pelo menos sete empresas offshore do ex-vice-presidente da Fifa Eugenio Figueredo, preso em 2015 após a operação do FBI.
Os “Panama Papers” (“Papéis do Panamá”) são uma série de 11 milhões de documentos vazados no último domingo (03/04) após uma investigação feita pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, na sigla em inglês) que reuniu 376 profissionais de 109 veículos, em 76 países. A reportagem investigou arquivos da empresa panamenha Mossack Fonseca, especializada na abertura de offshores. Políticos, chefes de Estado e celebridades estão entre os nomes citados.