O presidente interino do Egito, Adly Mansur, decretou na noite desta segunda-feira (08/07) que o país irá realizar novas eleições assim que as alterações à sua Constituição, atualmente suspensa, forem aprovadas em referendo. As eleições legislativas deverão ocrrer antes de 2014. A partir da formação da Câmara, será marcada a nova eleição presidencial.
O decreto estabeleceu um prazo de quatro meses e meio de alterações à Constituição do país, que foi aprovada em dezembro. Essa constituição foi suspensa na semana passada, quando o exército derrubou o presidente islâmico Mohamed Morsi após protestos em massa contra seu governo.
Os Estados Unidos, por sua vez, descartaram cortar a ajuda financeira anual ao exército egípcio.
Por sua vez, a Irmandade Muçulmana, que apoia Mursi, convocou novos protestos de rua para esta terça-feira (9) no Egito, após o massacre de 51 pessoas em um enfrentamento entre seus integrantes e forças de segurança na periferia do Cairo, em frete ao prédio da Guarda Republicana do país. Entre os mortos, 42 pertenciam à Irmandade. As manifestações estão se iniciando a partir dos funnerais de cada um dos mortos.
Agência Efe
Manifestantes pró-Mursi e Irmandade Muçulmana protestam pelo país contra o que consideram ser um golpe e pelas mortes de segunda-feira
“Em protesto contra o golpe militar que foi seguido de ações repressivas, que culminaram com o massacre da Guarda Republicana, chamamos todos os cidadãos e pessoas honradas a protestar nesta terça ao redor do Egto”, disse o porta-voz Hatem Azam, em nome de uma coalizão islâmica liderada pela Irmandade Muçulmana.
Os militares abriram fogo contra partidários de Mursi e membros da Irmandade Muçulmana nesta, matando ao menos 51 pessoas, segundo os serviços de emergência do Cairo. Cerca de 435 ficaram feridas.
Os partidários organizavam uma manifestação pacífica perto do quartel general da Guarda Republicana, num subúrbio do Cairo, onde acreditam que Mursi está detido, quando foram atingidos por tiros, segundo testemunhas. O Exército alega que “um grupo terrorista” tentou invadir o prédio. Como não conseguiu, teria começado a atirar na população.
O líder da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, disse que o chefe do exército do Egito quer levar o país a ter “o mesmo destino que a Síria”, e responsabilizou o general Abdel Fattah al Sisi pelas mortes.
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A Irmandade Muçulmana pediu também aos egípcios que se levantem contra aqueles que “querem roubar” a revolução, cinco dias após o golpe militar que derrubou Mursi e prometeu uma transição até novas eleições, ainda não marcadas.
O presidente Adly Mansur prometeu investigar o incidente. Ele afirmou que o QG da Guarda Republicana foi atacado e pediu que os manifestantes evitem se aproximar de “pontos vitais” para a segurança do país.
“(O Partido Liberdade e Justiça, braço político da Irmandade) apela ao povo egípcio a se levantar contra aqueles que querem roubar sua revolução com tanques e veículos blindados, mesmo sobre os corpos das pessoas”, disse um comunicado na página Facebook do partido.
Os militares derrubaram Morsi na última quarta-feira (3) depois de manifestações em massa em todo o país lideradas por jovens ativistas que exigiam a sua demissão. A Irmandade denunciou a intervenção como um golpe de Estado e prometeu resistência pacífica contra as “autoridades usurpadoras”.