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O presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, pediu publicamente nesta terça-feira (15/04) que o vice-presidente do país e candidato presidencial nas eleições de maio, Juan Carlos Varela, esclareça as denúncias de que foram utilizados recursos supostamente provenientes de lavagem de dinheiro em seu financiamento de campanha. A 20 dias das eleições presidenciais, denúncias de fraude eleitoral e possíveis irregularidades no pleito dominam o noticiário político do país.
[Ricardo Martinelli, na foto, e Juan Carlos Varela romperam relações em 2011 por divergências políticas]
Em fevereiro deste ano, o partido do governo, Cambio Democrático, questionou o sistema de contagem de votos, tese que, na época, foi respaldada por Martinelli. “Não me parece bom” que a Centauri, empresa privada pertencente a um militante do Partido Revolucionario Democrático, que assessora o Tribunal Eleitoral, “transmita os dados”. À época, o presidente pediu às autoridades eleitorais “uma verificação para que não haja desvio dos votos”, que são contados manualmente.
Ontem, no entanto, o mandatário defendeu no Twitter o órgão eleitoral do país: “como presidente apoiei e seguirei apoiando o Tribunal Eleitoral. O Magistrado [Erasmo] Pinilla tem o meu respaldo. Ligarei para dizer isso a ele”.
O presidente do Tribunal Eleitoral, Erasmo Pinilla, negou, em declarações dadas ao canal de televisão colombiano Telemetro no mesmo dia, as acusações, que segundo ele são um “plano de fraude” para “desqualificar o Tribunal Eleitoral”, sem especificar de quem partiria a ação.
Denúncias
Em outra mensagem na mesma rede social, Martinelli pediu que Varela esclareça sua suposta vinculação com lavagem de dinheiro. “Creio que o vice-presidente Varela, em vez de acusar outros, deve responder e esclarecer as sérias acusações de lavagem de dinheiro”, escreveu após compartilhar diversas matérias de jornais locais sobre o assunto.
Creo q el Vice Presidente Varela en vez de acusar a otros debe responder y clarificar las serias acusaciones de lavado de dinero.#varelagate
— Ricardo Martinelli (@rmartinelli) April 15, 2014
As revelações feitas nos últimos dias por veículos panamenhos são baseadas nas informações do norte-americano Diario Las Américas. Na segunda-feira (14/04), o periódico divulgou que fundos provenientes de operações de apostas ilegais pela internet nos EUA foram depositados em vários bancos panamenhos e supostamente utilizados no financiamento da campanha política de Varela.
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Em entrevista à emissora TVN, o vice-presidente negou as denúncias e acusou o candidato do partido governista Cambio Democrático (CD), José Domingo Arias, de estar por trás dos ataques feitos a ele e ao Tribunal Eleitoral. Varela atribuiu as acusações ao “medo” que o governo tem de “perder as eleições” e ao fato de que “não querem aceitar a vontade popular”.
Arias, que lidera as pesquisas de intenção de votos, negou as acusações feitas por Varela e assegurou que está dedicado à “promoção de sua candidatura”.
Relações Exteriores
Varela foi vice-presidente e chanceler do governo Martinelli, desde 2009 no poder, mas, em 2011, foi destituído do Ministério de Relações Exteriores pelo presidente. Desde então, passou a ser um crítico do mandatário.
“Foram cometidos erros fortes na diplomacia nos últimos anos”, criticou Varela, que tem como proposta de campanha a “prioridade imediata” da retomada das relações com a Venezuela, rompidas desde março deste ano após o governo de Nicolás Maduro ter considerado uma ação de ingerência o pedido feito pelo Panamá para que a Organização dos Estados Americanos (OEA) avaliasse a crise política no país.
O candidato ocupa o segundo ou o terceiro lugar nas sondagens de intenção de voto, dependendo da empresa de pesquisa. O vice-presidente assegurou que, ao contrário do governo Martinelli, sua gestão teria uma “relação fluida” tanto com Washington, como com os países da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba), encabeçada por Cuba e Venezuela. O presidenciável também defendeu a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) “para que a América Latina possa discutir seus conflitos internos sem a ingerência dos maiores países da região”.