A demissão do ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, anunciada na tarde desta quarta-feira (23/06) pelo agora ex-titular da pasta, ganhou destaque na imprensa internacional. O jornal britânico Financial Times apontou que a renúncia foi “aplaudida por ativistas”.
O periódico afirmou que a “decisão surpresa” do agora ex-ministro acontece após Salles presidir um “forte aumento no desmatamento na floresta amazônica nos últimos dois anos”.
“Ao lado do presidente [Jair Bolsonaro], Salles, um ex-advogado, era amplamente visto como simpático às legiões de madeireiros ilegais e garimpeiros de ouro que permeiam a floresta tropical”, disse o jornal.
El País
Por sua vez, o espanhol El País apontou que a saída de Salles acontece após a abertura de duas investigações policiais contra ele. Segundo o diário, a saída coincide com um “aumento acentuado nos alertas de extração ilegal de madeira na Amazônia”.
“Ricardo Sallles renuncia após a abertura de duas investigações policiais contra ele, uma por ligações com um caso de tráfico ilegal de madeira e outra por supostamente obstruir as investigações em um caso de desmatamento”, disse.
O El País ressalta que as investigações suspeitam que a “madeira foi extraída ilegalmente” da região amazônica e ainda se Salles e os outros funcionários do Ministério “agiram em benefício dos madeireiros em troca de vantagens financeiras”.
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, saiu da pasta nesta quarta-feira (23/06)
Segundo o jornal, o presidente brasileiro “está sob pressão de várias frentes”: pandemia do novo coronavírus e a na questão ambiental após os Estados Unidos regressarem ao Acordo de Paris.
“O desmantelamento da política ambiental empreendida por Bolsonaro com Salles à frente do Ministério foi denunciado. […] Tanto o presidente quanto o ministro do Meio Ambiente foram multados por crimes ambientais”, disse.
Télam
A agência de notícias argentina Télam disse que Salles foi uma das “figuras mais radicais do bolonarismo” e com “ligação dentro do setor político que defende os empresários ruralistas”.
“O presidente Bolsonaro aceitou a renúncia apenas um mês depois do Supremo Tribunal Federal abrir uma investigação, apreensão no Ministério do Meio Ambiente e demitir 10 de seus funcionários suspeitos de corrupção”, apontou a Télam.
A agência disse que, agoraa, Joaquim Álvaro Pereira Leite será o novo ministro da pasta. A Télam ressalta que o Pereira Leite foi membro da Sociedade Rural Brasileira (SRB), “uma das entidades representativas do setor agropecuário do país”.
“O novo ministro, Pereira Leite, já fazia parte do Ministério à frente da Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais, unidade que substituiu a Secretaria de Florestas e Desenvolvimento Sustentável, também chefiada por ele”, apontou.