Conforme previram as pesquisas de boca de urna, o PRI (Partido Revolucionário Institucional), que esteve no poder durante 71 anos, até 2000, venceu as eleições legislativas mexicanas, segundo resultados preliminares – os definitivos serão divulgados quarta-feira.
Com 98,65% das urnas apuradas, o PRI obteve 36,83% dos votos, e pode ter o controle absoluto do Congresso se somados os 6,72% do Partido Verde, da mesma coligação. O governista PAN (Partido Ação Nacional) ficou com 27,96% e o PRD (Partido da Revolução Democrática), 12,23%. Essas são as principais legendas. A abstenção foi de 55,29%.
O resultado levanta um cenário difícil para os três anos que restam ao presidente Felipe Calderón. De acordo com analistas, o fato de o PRI ter a maioria na Câmara de Deputados diminuirá a já estreita margem de manobra que Calderón tem para governar e negociar reformas relativas à segurança e à economia.
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E o presidente está ciente disso. Ontem à noite, em uma mensagem em cadeia nacional, chamou todas as forças políticas a trabalharem juntas e a alcançar acordos em temas fundamentais para o país como a crise econômica e a insegurança e a luta contra o crime organizado.
“A luta terminou. A concorrência deve ser deixada para trás e agora temos que centralizar nossos esforços na busca de coincidências, em privilegiar o muito que nos une e em alcançar os acordos que o país clama para recuperar, quanto antes, o crescimento econômico, a geração de empregos e a segurança pública (…) Felicito aqueles que foram eleitos e manifesto a melhor disposição e vontade do governo federal, sob minha responsabilidade, para dialogar e para colaborar com os novos deputados a fim de superar os grandes desafios que o país tem adiante”, disse Calderón em seu discurso.
Para a cientista política Denise Dresser, a mensagem de Calderón é um chamado de ajuda e um reflexo do que serão os últimos três anos de seu governo: “Ele pede ao PRI que colabore com o PAN no Congresso e pede que seja uma oposição co-responsável. Calderón sabe que uma opção para o priísmo é bloquear qualquer reforma apresentada nos próximos três anos e capitalizar a má situação econômica para depois culpar o presidente e posicionar-se como uma opção para 2012”, disse ao Opera Mundi.
Para a analista, o centro de gravidade política mudou nestas eleições a favor do PRI, e prognostica que o que resta a Calderón será concentrar-se na luta contra o narcotráfico, uma estratégia que tem lhe dado popularidade e na qual trabalhará duro para compensar o fato de ter perdido a possibilidade de impulsionar reformas no Congresso.
A primeira prova terá lugar em dezembro deste ano, quando a nova Câmara de Deputados tiver que aprovar o orçamento de receitas e despesas, os diversos impostos e com eles as estratégias propostas pelo governo de Calderón para sair vivo da pior crise econômica dos últimos anos.
Um triunfo contundente
Com cerca de 90% dos votos computados em uma tendência que parece impossível de reverter-se, além de ter maioria absoluta na Câmara dos Deputados, o PRI – que durante mais de sete décadas dirigiu o destino dos mexicanos — ganhou em cinco das seis cargos de governador que se disputaram (nos estados de Nuevo León, San Luis Potosí, Querétaro, Campeche y Colima). Além disso, também tomou do PAN importantes prefeituras do país como Guadalajara, em Jalisco, Cuernavaca, em Morelos e Naucalpan e Toluca, no estado de México.
A jornada eleitoral de ontem transcorreu com tranquilidade e com incidentes menores. Tal como se previa, o nível de abstenção excedeu os 50% e a participação se colocou em uma porcentagem de 45%. Dos oito partidos políticos que participaram das eleições, só o PSD (Partido Social Democrata) teria perdido seu registro ao não alcançar os 2% necessários da votação.
Além disso, o movimento cidadão que chamou os mexicanos a anular o voto como uma forma de protesto contra a ineficiência dos partidos políticos, alcançou 6% do total da votação.
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(Atualizada às 19h30)
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