A Rússia comunicou nesta sexta-feira (06/01) o início da retirada de parte de seu contingente militar que atua na guerra civil na Síria, uma das primeiras medidas para diminuir sua presença militar no país árabe. A remoção de um porta-aviões e outras embarcações marcará o início do processo.
Segundo o chefe do Estado-Maior russo, o general Valery Gerasimov, o porta-aviões Almirante Kuznetsov e seus navios de apoio, que estavam em operação no leste do Mar Mediterrâneo, serão os primeiros a deixar a zona de conflito. “Em obediência à decisão do comandante-em chefe, Vladimir Putin, o Ministério da Defesa inicia a redução das Forças Armadas reunidas na Síria”, afirmou o general, citado pela agência de notícias Tass. Gerasimov não forneceu maiores informações sobre a ordem do presidente, datada de 29 de dezembro de 2016.
Reuters/NTB Scanpix
O porta-aviões Almirante Kuznetsov e seus navios de apoio de serão os primeiros a deixar a zona de conflito
O general ordenou que o porta-aviões e outras embarcações, como o cruzador de batalha Pedro, o Grande e o destróier Severomorsk, iniciassem nesta sexta-feira o retorno à sua base no porto de Severomorsk, que fica no Mar de Barents, no noroeste do país. O comandante das operações militares russas na Síria, Andrei Kartapolov, desse que as tarefas designadas à frota do porta-aviões foram cumpridas. Segundo ele, as aeronaves a bordo do Almirante Kuznetsov realizaram em torno de 420 missões, atingindo 1.252 alvos durante dois meses e meio.
Kartapolov assegurou que a Rússia tem capacidade suficiente de defesa aérea na Síria, graças aos sistemas de defesa S-300 e S-400 instalados no país árabe. Os ataques aéreos apoiados pelo Almirante Kuzetsov começaram em meados de novembro. Dois aviões de combate, um Su-333 e um Mig-29, acidentaram-se quando retornavam de missões no espaço aéreo sírio.
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O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Síria, Ali Abdullah Ayub, afirmou que o apoio oferecido pelas Forças Aéreas da Rússia foi fundamental para as vitórias que abriram o caminho para o acordo de cessar-fogo. “Os aviões russos criaram as condições necessárias para o início de um processo político de acerto da crise na Síria”, completou.
Putin já tinha ordenado a saída da maior parte das tropas russas em março de 2016, após o começo da primeira contraofensiva das forças leais a Assad contra posições do “Estado Islâmico” (EI). A chegada, em outubro, do Almirante Kuznetsov à região, embarcação que nunca tinha entrado em uma guerra em 15 anos de existência, provocou polêmica. Os países-membros da Otan se negaram a permitir que o porta-aviões reabastecesse em seus portos. A esquadrilha de caças Mig-29 e Su-33 do porta-aviões participou da campanha russa ao atacar posições do EI e da antiga Frente al-Nusra.
Moscou tem sido um importante aliado do regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, na guerra civil que já dura mais de cinco anos. A Rússia e a Turquia, país que apoia grupos moderados de oposição a Assad, mediaram um cessar-fogo na Síria, iniciado no dia 30 de dezembro. Até o momento, a trégua tem sido mantida, apesar das forças do governo e dos rebeldes se acusarem mutuamente de algumas violações. O cessar-fogo tem como objetivo viabilizar as conversações de paz marcadas para o final deste mês em Astana, capital do Cazaquistão.
RC/afp/efe/lusa/ap