A sensação generalizada é a de que esta é uma hora decisiva para a história de El Salvador. Seja para que a Aliança Republicana Nacionalista (Arena) siga outros cinco anos mais no poder, ou para afastá-la, após quase 20 anos de governo, para dar lugar à FMLN (Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional).
O desejo de votar contagiou inclusive aqueles que vivem longe do país, especificadamente nos Estados Unidos, onde existe uma comunidade de cerca de 2,2 milhões de imigrantes de El Salvador.
Apesar da crise econômica e do desemprego no país norte-americano, os salvadorenhos decidiram tirar dinheiro de suas poupanças para pagar os bilhetes de avião e assim, votar.
Funcionários do aeroporto de Comalapa, na capital San Salvador, afirmam que nos últimos dias viram chegar centenas de salvadorenhos vestindo camisetas com as cores de cada partido político. Um claro sinal de que vieram depositar seu voto.
“Vi pessoas passando pelo portão de desembarque com as camisetas vermelhas da Frente, e as tricolores da Arena; outros vêm com chapéus, gorros e pulseiras.”, comentou uma funcionária.
Leia mais:
Salvadorenhos se preparam para eleição assustados com queda nas remessas
Chegam os “vermelhos”
Um desses viajantes é Vladimir Mena. Chegou na quinta-feira (12) à tarde, procedente dos Estados Unidos, onde reside há 27 anos. Vive em uma pequena cidade no estado da Califórnia e trabalha em uma gráfica.
“Minha visita ao país se deve às eleições e vou votar por Mauricio Funes”, disse Mena, sem que sua preferência partidária fosse questionada.
Na cidade onde vive, afirma, os salvadorenhos estão entusiasmados com o processo eleitoral. E por isso, diz se ressentir que, em El Salvador, não haja avançado a idéia de permitir que os salvadorenhos no exterior possam votar no país onde residem. “Espero que em algum momento isso seja autorizado. Seria bom para a democracia do país”, afirma Mena.
Perguntado quanto havia pago pela passagem área, respondeu: “Isso não importa. O que importa é votar”.
Mais tarde aterrissaria o avião de Carlos Chicas, morador de Dallas, Texas, há quatro anos. Uma camiseta vermelha o delata: também veio para votar na Frente.
“Saí do país devido à situação econômica, mas agora temos a possibilidade de mudar as coisas, e por isso viajei. Vim exclusivamente para votar”, assinala orgulhoso.
Chicas pagou US$325 por sua passagem, aproveitando uma promoção. “Normalmente o bilhete teria custado cerca de US$550”, explica.
O jovem se diz surpreso com o alto custo de vida em El Salvador, ainda mais porque alguns itens são mais caros no país do nos Estados Unidos. “É triste ver que com o salário do dia as pessoas somente conseguem comprar uma caixa de cereais matinais ou um galão de gasolina”.
De Cuba chega um estudante salvadorenho, que não se identifica. Também veio para votar, pelo que denuncia sua camiseta: fotos de Che Guevara, Monseñor Romero e Schafik Handal adornam seu peito.
Estuda medicina na ilha, com uma bolsa de estudos. Tem 23 anos. “Quero contribuir para a mudança que o povo deseja”, responde.
Aterrissam os tricolores
ContraPunto não teve a oportunidade de falar com aqueles que vieram dar seu voto. Mas as imagens transmitidas pelo Canal 6 confirmam que os tricolores também aterrissaram em El Salvador. Eram parte do chamado “Oitavo Setor” da Arena, vindos de Los Angeles, Nova York, Nova Jersey, entre outras cidades.
“Voltei para o país para que ele não caia na mão dos comunistas”, disse Elsa Anderson, agitando um chapéu com listas vermelhas, azuis e brancas.
O Tribunal Superior Eleitoral registrou nos Estados Unidos cerca de 40 mil salvadorenhos que viajaram para votar.
NULL
NULL
NULL