A cidade de San Diego aprovou por unanimidade um projeto de US$ 2,5 bilhões para reciclar água usada. Em meio a seca que atinge o estado norte-americao da Califórnia, os vereadores municipais, por 9 votos a 0, referendaram o novo plano para tratamento de esgoto, com o objetivo de deixá-lo próprio para o consumo humano.
“A seca nos faz ver por que isso é tão necessário. Infelizmente, secas são um modo de vida na Califórnia, então temos de estar preparados. Isso nos ajuda a controlar nosso próprio destino”, disse o prefeito de San Diego, ao comentar à agência AP a aprovação do plano.
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Reprodução/Cedrennes/Flickr/CC
Por unanimidade, vereadores de San Diego aprovaram plano de US$ 2,5 bilhões para tratar água do esgoto
O anúncio do plano de ação contra a seca na Califórnia vem no mesmo dia da divulgação de um novo relatório da OMS (organização Mundial da Saúde) sobre o panorama da água no planeta. Segundo a entidade ligada às Nações Unidas, cerca de 750 milhões de pessoas não têm acesso a água potável de forma sustentada no mundo.
Reduzir custos de importação
Bem visto pelos setores empresarial e ambiantalista nos EUA, o plano aprovado na última quinta-feira (18/11) prevê a reciclagem de 15 milhões de galões por dia a partir de 2023. A partir de 2035, a produção deverá atingir os 83 milhões de galões diários.
“Estamos no fim da linha. Temos um problema real em fazer a água chegar até aqui”, disse um dos legisladores municipais. A ideia, com o novo plano, é fazer San Diego menos dependente de importação de água, recurso caro. Atualmente, cerca de 85% da água utilizada pela cidade com 1,4 milhão de habitantes vem de fora, especialmente do rio Colorado e de regiões no norte do estado californiano.
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Embora a prática já comece a ser adotada em outros lugares do país, o método de reutilização da água descartada ainda é pouco conhecido. Uma entidade norte-americana que advoga pela causa elenca apenas dez projetos desse tipo no país.
Seca em São Paulo
No início do mês de novembro, o governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou um projeto semelhante ao adotado em San Diego.
Em meio a crise hídrica que atinge o estado do sudeste brasileiro, a intenção do governo é construir uma estação de reúso até dezembro de 2015 na represa de Guarapiranga.
Reprodução/Facebook/WateReuse Association
Estação de tratamento de água usada em cidade dos Estados Unidos
Relatório OMS
O relatório Glass 2014 divulgado hoje pela OMS indica que, além das 748 milhões de pessoas sem acesso a água potável no mundo, cerca de 1,8 bilhão de indivíduos fazem uso de fontes hídricas contaminadas com sedimentos — mais de 1 bilhão ainda não têm condições básicas de saneamento e defecam ao ar livre.
O texto lembrou que o acesso à água potável e ao saneamento adequado tem implicações em uma ampla gama de aspectos, desde a redução da mortalidade infantil, passando pela saúde materna, ao combate de doenças infecciosas, à redução de custos sanitários e ao meio ambiente.
O estudo mostrou que nas duas últimas décadas 2,3 bilhões de pessoas passaram a ter acesso a fontes de água melhoradas. Nesse mesmo período, portanto, o número de mortes de crianças por causa de doenças diarreicas — com forte relação ao saneamento precário — caiu de 1,5 milhão (1990) para 600 mil (2012).
“Claro que podemos dizer que melhorou muito, mas 600 mil crianças continua sendo um número enorme”, declarou em entrevista coletiva María Neira, diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS.
* Com informações da Agência Efe