Convocada por sindicatos, uma greve nacional paralisou as principais cidades da Argentina nesta terça-feira (31/03) para exigir do governo mudanças no imposto sobre os salários, sobretudo no setor de transportes.”A greve é geral”, declarou Luis Barrionuevo, líder da central sindical Confederação Geral do Trabalho da República Argentina, nesta manhã.
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Diversos centros sindicais foram às ruas para protestar contra impostos
Como consequência da decisão, o transporte de carga, portuário e a coleta de lixo foram interrompidos, bem como bancos e tribunais. Os hospitais só atendem em casos de emergência e algumas escolas permaneceram abertas, segundo o Clarín. Além disso, trens, ônibus e metrô pararam de funcionar à meia-noite e há poucos táxis em circulação em Buenos Aires e em grandes capitais provinciais como Rosário, Córdoba e Mendoza.
Todos os voos programados para hoje no aeroporto Jorge Newbery, de Buenos Aires, foram cancelados. As principais companhias aéreas brasileiras, TAM e Gol, anunciaram na noite de segunda-feira (30/03) a anulação dos voos com destino ao país vizinho.
Diversos sindicatos pedem uma modificação no imposto de renda, aplicado aos salários superiores a 15 mil pesos (R$ 5,5 mil). Essa exigência é criticada pelo ministro da economia, Axel Kicillof, sob a justificativa de que menos de “10% dos trabalhadores” com melhores salários são afetados.
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Terminal do Aeroparque, aeroporto que fica na capital argentina, ficou deserto na manhã desta terça
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Por sua vez, o porta-voz do governo classifica a greve como um ato de objetivo político, já que o país está em ano eleitoral. Segundo o chefe de Gabinete, Aníbal Fernández, “95% das pessoas teriam ido trabalhar, mas não podem porque não têm transporte”.
Para o ministro do Interior e Transporte, Florencio Randazzo, a medida está “absolutamente fora de lugar” e ela foi convocada por “grupos que foram privilegiados nos últimos anos pelas políticas do governo nacional”.
No poder desde 2007, Cristina Kirchner enfrenta a quarta greve geral do seu governo. A última aconteceu no fim de agosto de 2014, quando sindicatos opositores, com apoio dos movimentos de esquerda e de ruralistas organizaram uma paralisação de 36 horas em rejeição às políticas do governo.
Na ocasião, as reivindicações das centrais estiveram pautadas em questões relacionadas à causa trabalhista, como o combate à precarização e os aumentos para aposentados e do salário real. Demandas de política econômica – como o combate à inflação e mudanças na aplicação do imposto de renda para assalariados – também entraram em discussão.
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Policiais fazem vigia de mobilização sindical no acesso a uma das principais estradas de Buenos Aires