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Como forma de reduzir sua dívida de quase 60 bilhões de euros (cerca de 150 bilhões de reais) e valorizar seus ativos, a gigante de telecomunicações Telefônica anunciou nesta quarta-feira (30/05) que retirará todos os seus papeis do mercado financeiro alemão e algumas ações “estratégicas” negociadas em bolsas latino americanas.
Em um comunicado direcionado à CNMV (Comissão Nacional do Mercado de Valores da Espanha), o conselho de administração da Telefônica diz ter considerado positiva a ideia de “iniciar os trabalhos preparatórios para tirar sua carteira de ativos da bolsa alemã” e de buscar possíveis alternativas “para a valorização de ativos”.
Na Alemanha, ela faturou mais de cinco bilhões de euros em 2011, o que equivale a um crescimento de 4,3% em suas operações regionais. No fim do primeiro trimestre de 2012, eram 25 milhões seus clientes alemães – desse volume de contratos, 18,6 milhões pertenciam a planos de telefonia móvel. Contudo, por conta da crise financeira que colapsa a economia espanhola, a operadora acredita que concentrar seus ativos no país poderá ser o suficiente para valorizá-los.
Executivos da companhia também calculam que o mercado alemão, além de maduro, está em crescimento e não sofre tão intensamente com a crise. Isso abriria espaço para que a retirada de seus papeis não gerasse grandes impactos locais.
No que diz respeito às suas manobras financeiras nas bolsas latino americanas, ainda restam diversas dúvidas. Enquanto sua subsidiária na argentina deixou os mercados do Chile e do Peru, no Brasil sua maior filial, a Vivo, possui papeis com elevadas cotações sendo negociados na Bovespa, a Bolsa de Valores de São Paulo.
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Dividendos
Embora alegue uma desvalorização excessiva de seus ativos na Espanha, a Telefônica aprovou o pagamento de dividendos para seus acionistas em 2012. Cada papel renderá ao sócio o equivalente a 1,30 euro (3,2 reais). O conselho administrativo da empresa conversou com o o jornal espanhol El País e revelou que pretende propor aos sócios um primeiro pagamento de 0,4 euro (um real) por ação logo para o próximo mês de novembro e concluir a repartição dos lucros até maio de 2013.
A telefônica também cogita lançar mão das chamadas operações scrip dividends. De acordo com esse procedimento, a companhia emite novos papeis a partir da aplicação de capital e oferece ao acionista a possibilidade de ele ser pago com ativos, e não dividendos. Caso não isso não seja interessante para o sócio, ele tem o direito de vender seu direito de subscrição, requerer a remuneração de sua participação sobre os lucros da empresa e, com isso, adquirir novos ativos.
Investimentos no Brasil
A presidente Dilma Rousseff receberá o rei Juan Carlos na próxima segunda-feira (04/06) e quer debater com o monarca a redução dos investimentos de empresas espanholas no Brasil. Até o ano passado, a maior parcela de injeções de capital no mercado brasileiro pertencia à Espanha.
Nesta quarta-feira (30/05) o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, participou de um debate na Câmara dos Deputados sobre queixas de consumidores aos serviços prestados pelas grandes companhias telefônicas. Entre os convidados para a discussão estava o presidente do grupo Telefônica no Brasil, Antônio Carlos Valente.
Na ocasião, ele assegurou que a crise financeira da Zona do Euro não impedirá sua companhia de cumprir a meta de investir 24,3 bilhões de reais no país ao longo dos próximos quatro anos. Às vésperas do leilão da internet 4G, ele especulou ainda que o mercado das telecomunicações no país vivera um “ligeiro aumento de investimentos”.
Rebaixada
Nesta segunda-feira (28/05) a Telefônica caiu para a segunda posição no ranking das empresas mais valiosas da Espanha e foi superada pela companhia têxtil Inditex, controladora de grifes como Zara.
Após 21 meses na liderança, ela terminou o pregão da Bolsa de Madri com valor de mercado em 42,2 bilhões de euros (105 bilhões de reais), cerca de 800 milhões de euros mais barata do que a Inditex, que alcançou a marca dos 43 bilhões de euros (107 bilhões de reais). No último dia 19 de abril, a companhia têxtil já havia superado o Banco Santander, maior entidade financeira do país.
À revelia da queda de 25% registrada pela bolsa espanhola desde o último janeiro, a Inditex acumula uma alta de mais de 10% no ano. Nesta segunda-feira (28/05), seus papeis encerraram o dia cotados a 69 euros (171 reais).