Novos confrontos e protestos de palestinos com pedras foram registrados em Jerusalém Oriental após um palestino, motorista de ônibus de uma empresa israelense, ter sido encontrado enforcado no ônibus em que trabalhava. De acordo com a imprensa local, o homem teria sido assassinado por radicais judeus, versão negada, até o momento, pela polícia israelense. Yousef Hassan al Ramuni, de 32 anos, era pai de dois filhos e residia no bairro de Ras el Amud, em Jerusalém Oriental.
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Agência Efe
Policiais israelenses lançam gás lacrimogêneo contra manifestantes em Hebrón (imagem de 14/11)
Para a polícia, o episódio é um caso de suicídio, já que não teriam sido encontrados sinais de violência no corpo. Após a autópsia do cadáver e a análise de imagens das câmeras do veículo, as autoridades responsáveis deverão apresentar mais esclarecimentos. Familiares, no entanto, argumentam que ele não tinha razões para atentar contra a própria vida e relataram ter tirado fotografias do corpo para provar que apresentava sinais de violência.
A versão familiar foi confirmada pela imprensa local. A agência de notícias palestina Ma'an informou que Ramuni foi assassinado por colonos judeus. “Testemunhas oculares nos disseram que três judeus o mataram. Desafortunadamente, a polícia israelense ignora que é um assassinato e afirma que ele se enforcou”, diz a agência. O colega de trabalho que o encontrou assegurou também que no lugar onde estava não era possível se enforcar.
Na mesma linha, o periódico Al Quds, editado em Jerusalém, disse que o motorista foi “linchado” por seis judeus. De acordo com o jornal, há tempos os condutores palestinos sofrem agressões e insultos por parte de judeus israelenses.
Desde então, os rumores sobre as circunstâncias da morte do palestino se alastraram entre a comunidade em que vivia, e onde foram registrados diversos protestos, e nas redes sociais.
Imagem compartilhada no Twitter mostra a figura do motorista palestino após ser encontrado morto:
Yusuf Ramûnî.İsrailli bir otobüs fir. şoför olark çalışıyrdu.Çalıştığı oto. boynuna geçiriln ipte asılı olark bulndu. pic.twitter.com/TJmFZajrNB
— Kudüs'e Doğru (@Kuduse_Dogru) 17 novembro 2014
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A morte de Ramuni ocorre em meio ao aumento na tensão tanto em Israel como na Cisjordânia ocupada e Jerusalém. Os confrontos entre manifestantes palestinos e a polícia israelense na região têm sido diários, o que aumenta as especulações, por parte analistas políticos e especialistas da região, de que pode estar em curso o começo de uma Terceira Intifada.
Escalada na tensão
Na última quarta feira (12/11) uma mesquita foi incendiada perto de Ramallah, na Cisjordânia, e uma bomba incendiária foi lançada contra uma sinagoga no norte de Israel. O ataque à mesquita é atribuído pelos palestinos aos colonos israelenses que moram em assentamentos nas redondezas e, em Israel, pressupõe-se que a bomba na sinagoga foi lançada por um palestino.
Em análise publicada em Opera Mundi, a correspondente em Tel Aviv Guila Flint avalia que “o conflito entre os dois povos parece estar entrando em um novo capítulo, ainda mais duro do que os anteriores, no qual o sentimento religioso fala mais alto e argumentos políticos perdem espaço”.
No dia 5 deste mês, a tensão alcançou um ápice quando a polícia israelense invadiu a mesquita de Al Aqsa em busca de jovens palestinos que haviam lançado pedras, ato que levou a Jordânia a chamar seu embaixador em Israel para consultas. No mesmo dia, um palestino de Jerusalém utilizou seu carro como arma e atropelou policiais israelenses que estavam em uma estação de trem. Um policial morreu e dois ficaram feridos.
Foi o início de uma série de ações individuais de palestinos, alguns com carros e outros com facas, que atacaram israelenses em Jerusalém, Tel Aviv e na Cisjordânia, matando 6 pessoas e ferindo dezenas. Por outro lado, doze palestinos foram mortos.