Após cinco dias desde que foi decretado o bloqueio do Twitter na Turquia, um tribunal administrativo de Ancara (capital) emitiu nesta quarta-feira (26/03) uma ordem de suspensão do fechamento do microblog no país, alegando que tal medida representa uma “ameaça aos fundamentos do Estado de direito”. Contudo, até esta manhã, as autoridades ainda não haviam retirado o bloqueio.
Carlos Latuff/ Opera Mundi
Em entrevista ao canal NTV na noite de terça (25/03), o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que não apenas manteria o bloqueio à rede social como também poderia suspender o YouTube. “Se vocês não corrigirem suas atitudes, fecharemos as páginas. O que é Twitter? É uma empresa. E de fato, por trás está o YouTube”, afirmou Erdogan, dirigindo-se à população turca.
Na noite de quinta (20/03), o premiê havia ameaçado “arrancar o Twitter e outras redes sociais pela raíz” durante um comício eleitoral na cidade turca de Bursa. Na primeira hora do dia seguinte, o microblog foi tirado do ar no território nacional – o que gerou críticas até do presidente do país, Abdullah Gul.
[Primeiro-ministro Erdogan caça o passarinho azul – símbolo do Twitter]
“A proibição completa de plataformas de mídia social não pode ser aprovada”, tuitou Gul,na última sexta (21/03). No microblog, o presidente também criticou a violação do sigilo da vida privada e finalizou: “Esperamos que esta aplicação não dure”.
Assíduo usuário da rede social, Abdullah Gul não foi o único a condenar a medida de Erdogan – o que por si já apresenta uma fragmentação na administração do governo turco. A atitude de Erdogan também foi censurada pelos líderes da oposição do país e pela UE (União Europeia) – a qual Ancara luta tanto para ingressar.
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“Tal proibição aumenta gravemente nossas preocupações e gera dúvidas a respeito do comprometimento da Turquia aos valores e padrões europeus”, afirmou o comissário de Ampliação e Política de Vizinhança da UE, Stefan Fule.
O Twitter tem sido uma das principais redes sociais de denúncia de corrupção, tema polêmico no país, presente no círculo de Erdogan. Seu banimento faz parte de uma série de tentativas do primeiro-ministro para controlar a internet, que já proibiu centenas de sites no território turco e, no início do mês, ameaçou também retirar o Facebook do ar.
Em 2007, foi assinada uma lei que bloqueou temporariamente blogs, como WordPress, e de vídeos, como o Vimeo, enquanto o YouTube esteve sob controle até 2010. Alguns novos sites alternativos não podem ser acessados e pessoas são constantemente presas em casos de “uso indevido” das ferramentas da Internet.
No fim de janeiro, foram reveladas escutas de Erdogan em que o chefe de estado aconselha o filho, Bilal, de desfazer de uma enorme quantia de dinheiro guardado em casa – colocando em xeque um vasto escândalo de corrupção que tem permeado o seu governo.