O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, entrou em contato com seu colega russo, Vladimir Putin, e com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para defender o acordo de troca de urânio com o Irã e convencê-los a desistir da nova rodada de sanções contra o programa nuclear iraniano.
O Brasil e Turquia afirmaram, logo após fechar o acordo com o Irã na segunda-feira (17/5), que as sanções não eram mais necessárias, já que Teerã se mostrara disposto a negociar. As potências, contudo, disseram que as sanções são válidas até que o Irã interrompa o enriquecimento de urânio a 20% no país.
Segundo um comunicado do Escritório do primeiro-ministro, Erdogan falou na quarta-feira à noite por telefone com Putin e Obama. Nas conversas, ressaltou sua convicção de que o acordo assinado em Teerã é um triunfo da diplomacia, e constitui a última oportunidade de resolver pacificamente o litígio sobre o programa nuclear iraniano, segundo a nota.
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O texto acrescenta que tanto Putin quanto Obama responderam que avaliavam os esforços da Turquia, apesar do presidente americano ter dito que avaliará atentamente a mensagem que o Irã enviará à AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
A administração de Obama apresentou na terça-feira ao Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução, estipulado previamente com os outros quatro membros permanentes do órgão, para uma nova rodada de sanções contra o Irã.
A apresentação da minuta de resolução aconteceu um dia depois que Turquia e Brasil, dois membros não-permanentes do Conselho, conseguiram um acordo com o Irã, pelo qual Teerã se compromete a enviar à Turquia 1.200 quilos de urânio pouco enriquecido em troca de receber, no prazo de um ano, 120 quilos de combustível nuclear para seu reator científico.
Fontes oficiais citadas pela imprensa turca afirmam que o país votará contra a resolução apresentada pelos EUA se não se forem considerados os esforços turcos e brasileiros. O ministro turco de Exteriores, Ahmet Davutoglu, tinha advertido em entrevista que, após este acordo, “a bola estava no campo do Ocidente” e recomendou os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança a trabalharem “em um cenário positivo”.
Davutoglu afirmou que os EUA foram bem informados sobre o processo desde o início, e ressaltou que tudo o que pedia o Ocidente ao Irã estava previsto no acordo da segunda-feira.
Na terça-feira, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu disse que o acordo foi encorajado por Barack Obama durante Conferência Mundial de Segurança Nuclear realizada em Washington no início de abril. A Casa Branca negou o fato, mas segundo reportagem do jornal turco Hürriyet, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan se reuniram com o norte-americano para tratar do programa nuclear iraniano.
Brasil
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, enviou nesta quarta-feira (19/5) uma carta aos integrantes do Conselho de Segurança da ONU que tem como principal objetivo sensibilizá-los para que confiem no acordo de troca do urânio do Irã e, assim, evitem a adoção de resoluções que provoquem sanções econômicas contra os iranianos. O documento foi redigido em conjunto com o governo da Turquia. A iniciativa ocorre no momento em que a pressão norte-americana contra os iranianos avança.
Na carta, Brasil e Turquia explicam, em detalhes, o acordo, firmado em Teerã. Para garantir a interpretação dos dez pontos contidos no acordo, foi enviada também cópia do documento original. Amorim e o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, destacaram ainda que o acordo é um avanço para evitar confrontos e meios não pacíficos para a solução de impasses, como o que envolve o programa nuclear iraniano.
Pelo acordo, firmado na presença do presidente Lula e do primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, o
presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, compromete-se a transferir
urânio enriquecido a 3,5% para a Turquia. Em troca, no prazo de até um
ano, receberá urânio enriquecido a 20%. Com isso seriam dirimidas as
dúvidas sobre o enriquecimento de urânio para a fabricação de armas –
ou seja fins não pacíficos.
*Com agências
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