O ministro do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov, afirmou nesta quarta-feira (09/04) que acabará com os protestos pró-Rússia no leste do país até sexta-feira (11). Segundo ele, se não conseguir negociar com os ativistas, que já proclamaram independência em Donetsk e Carcóvia, o governo usará a força na região.
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Para Avakov, a atuação diante da ocupação de prédios governamentais no leste ucraniano deve ser uma “operação antiterrorista”. Em Carcóvia, as autoridades conseguiram retirar os manifestantes dos edifícios que ocupavam, mas, em Lugansk e em Donetsk, onde ativistas chegaram a construir barricadas, o governo de Kiev não obteve êxito.
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Segundo a agência France Presse, em Donetsk alguns manifestantes possuem armas e coletes à prova de balas, que se recusam a entregar para a polícia, como foi pedido. “Não temos nada a perder. Quisemos negociar, mas ninguém quis nos ouvir”, disse um dos responsáveis pela ocupação do prédio dos SBU (serviços secretos da Ucrânia, antiga KGB), Oleg Desiatnikov. “Se nos atacarem, responderemos”, acrescentou.
Agência Efe
Manifestantes pró-Rússia permanecem em frente a prédio governamental ocupado na cidade de Donetsk, no leste da Ucrânia
Na terça-feira (08/04), o chefe da administração presidencial, Serguéi Pashinski, já havia advertido que Kiev está disposta a usar a força se os ocupantes dos prédios públicos se recusarem a deixá-los. “Se não conseguirmos consertar a situação por vias pacíficas, atuaremos de acordo com a lei antiterrorista e outras normas”, disse.
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Recentemente, o governo interino da Ucrânia aprovou diversas leis para endurecer as penas para delitos contra o Estado. As ações separatistas que resultarem em morte ou consequências graves agora poderão ser punidas com penas que vão de 15 anos na cadeia a prisão perpétua.
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No momento, a maior tensão está na cidade de Lugansk, onde chegaram, segundo a emissora local 1+1, carros blindados do governo e um numeroso contingente do grupo Setor Direito, dirigido pelo ultranacionalista Dmitri Yárosh.
A despeito da acusação dos Estados Unidos de que a Rússia estaria por trás dos protestos nas cidades orientais da Ucrânia, o candidato presidencial do Partido das Regiões (mesmo do presidente deposto Viktor Yanukovich), Serguei Tiguipko, entrou no edifício ocupado pelos manifestantes em Lugansk e garantiu que não havia russos no local. Segundo ele, todos lhe mostraram os documentos de identidade, comprovando a nacionalidade ucraniana.
Rússia
O presidente russo, Vladimir Putin, falou hoje da venda de combustível para a Ucrânia e disse não que não descarta exigir do país vizinho pagamento adiantado pelo gás para continuar o fornecimento. “A Gazprom fornecerá o volume de gás que a Ucrânia pagar com um mês de adiantamento. Receberão aquilo que pagarem”, declarou Putin. Atualmente, a dívida da Ucrânia pelo gás russo supera os US$ 2 bilhões.
Putin, entretanto, pediu para que a companhia estatal espere antes de aplicar a medida, para que sejam realizadas novas consultas com Kiev. O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, lembrou que o contrato assinado com a Ucrânia em 2009 segue em vigor e “uma de suas condições é a passagem ao pagamento adiantado se as dívidas não forem canceladas”. “Se a situação crítica continuar, considero que existem todos os fundamentos para se passar para a forma de pré-pagamento”, disse Medvedev.
A Gazprom anunciou na semana passada uma segunda alta do preço do gás para a Ucrânia, que terá que pagar a partir de abril US$ 485,5 por cada mil metros cúbicos, após ter eliminado o desconto concedido ao antigo governo.
Agência Efe
O presidente russo, Vladimir Putin, ironizou o apoio da União Europeia ao governo da Ucrânia, criticando a falta de ajuda econômica
O presidente russo ainda ironizou o apoio que as novas autoridades ucranianas – que Moscou não reconhece – recebem da União Europeia. “É uma situação, para dizer assim, bastante estranha, porque como se sabe, nossos sócios na Europa reconhecem a legitimidade das atuais autoridades ucranianas, mas não fazem nada para apoiar a Ucrânia, nem um dólar, nem um só euro”, afirmou.
Segundo ele, a Rússia, na contramão, não reconhece o governo interino, mas continua fornecendo ajuda econômica e subsidiando a economia da Ucrânia com centenas de bilhões de dólares até agora. “Mas esta situação, claro, não pode se prolongar eternamente”, disse o presidente.
Também hoje, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, conversou por telefone com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry. Ambos se declararam contra o uso da força no sudeste ucraniano e discutiram “a assistência internacional para a resolução da crise política aguda na Ucrânia, incluindo uma reunião multilateral entre a Rússia, os EUA, a União Europeia e os representantes ucranianos”.
Lavrov afirmou, entretanto, que a Rússia só participará da reunião se ajudar Kiev a adquirir contatos com todas as forças políticas e regionais do país. “Se essa reunião se focar em instar as autoridades ucranianas a não esperar que a situação no sudeste do país exploda, como é o caso agora, e incentivá-las a falar com essas regiões, nós participaremos”, disse.