A enviada de Opera Mundi a Havana, Anita Krepp, conta como foi participar 'in loco' da 'semana de Cuba': em menos de sete dias, a ilha recebeu a visita do presidente norte-americano Barack Obama e assistiu ao show da banda inglesa Rolling Stones. Acompanhe o relato:
Domingo, 20 de março
Chegar a Cuba no mesmo dia que Barack Obama, o primeiro presidente americano a visitar o país em 88 anos, pode ser no mínimo complicado, já que toda a segurança e a preparação de “boas-vindas” estavam completamente voltadas para a recepção do norte-americano (isso quer dizer que o trânsito pode ficar bloqueado e os aviões comerciais sobrevoando o céu de Havana por tempo indeterminado). Mas dei a sorte de meu avião chegar a Havana antes mesmo que Obama saísse dos EUA.
No aeroporto, já se via gente curiosa pela visita especial perguntando se Obama havia desembarcado na Ilha.
Se a burocracia no Brasil é algo irritante, considere isso vezes cinco quando for pensar na burocracia cubana. Era chegada a hora de retirar minha credencial de imprensa. Foto? Não tem. Atravessa a rua pra tirar. Tira. Espera 10 minutos pra ficar pronta. Volta para o centro de imprensa. Tem fila. Espera. Quando finalmente fui atendida, perguntei sobre a agenda de Obama, ao que me sugeriram perguntar isso na sala de imprensa, montada no hotel Havana Libre, a alguns minutos dali.
Internet em Cuba é coisa rara. Cada vez menos, mas ainda rara. Pra se ter uma ideia, em dezembro de 2014, uma hora de acesso custava 7 CUC (1 CUC equivale a € 1) e só se podia acessar de grandes hotéis. Hoje, o mesmo período custa 2 CUC com acesso possível de praticamente todas as grandes avenidas da cidade, pela rede WiFi já amplamente instalada. Na sala de imprensa do hotel, no entanto, minha expectativa foi amplamente ultrapassada. Uma sala bastante bem estruturada com internet rápida e ilimitada havia sido montada especialmente para a “operação Obama”. Ótimo, pensei. Menos perrengue é sempre bom.
Agência Efe
Chegada de Obama a Cuba alterou rotina de moradores da ilha
Apesar da boa internet, o desencontro e a falta de informações precisas me fizeram perder o ônibus que acabara de sair do hotel em direção a capela, em Havana Vieja, primeiro ponto a ser visitado por Obama. Tomei um táxi e corri para lá. Chovia bastante. Praticamente todas as ruas da região estavam bloqueadas, então tentei ir a pé mesmo. Fui a todas as entradas de todas as ruas, já com a roupa encharcada, sem sucesso. A ordem era uma só: ninguém passa. Nem moradores, muito menos repórteres ensopados.
Uma família de quatro irmãos na casa dos 70 abriram a porta de casa e me convidaram a entrar, me secar, comer algo. A TV estava ligada com imagens ao vivo da frente da capela, Obama estava por chegar. Magali, Noide e Cruz Maria comemoravam o aniversário de 74 anos de Manuel. Os quatro estavam ansiosos pela visita de Obama, mas Cruz Maria estava particularmente emocionada. “Se encontra-lo, por favor, diga que ele é muito bem-vindo em Cuba e que ele está no meu coração.”
Olhos grudados na TV, era Obama a poucos metros da casa, mas totalmente inacessível aos cubanos.
O programa de TV seguiu cobrindo a visita e nós continuamos comendo bolo, bebendo refrigerante com rum e conversando por horas. Os quatro mostraram fotos ao lado de Fidel e contavam com orgulho que haviam trabalhado pela revolução.
A chuva não passou, as ruas não foram abertas e o que me restou foi voltar pra casa pra recomeçar bem cedo no dia seguinte.
Segunda, 21 de março
Quando digo bem cedo, é realmente bem cedo. Antes das 7h30, já estava eu na sala de imprensa esperando pelas primeiras informações do dia. Todos os dias haveria listas de interessados com cerca de 30 vagas para cobrir presencialmente as atividades de Obama. Eram mais ou menos 1.500 jornalistas, com isso podemos imaginar quão concorridas eram essas listas.
As informações de horário em que uma lista abria ou que uma lista ficava disponível para consulta, no entanto, era impossível de se prever, o que fazia com que os jornalistas, seres já bastante ansiosos por natureza, ficássemos amontoados atrás de qualquer informação. Na lista da primeira atividade do dia, a visita ao memorial José Martí, eu não estava. Mas acabou sobrando uma vaguinha e lá fomos nós. As ruas foram novamente interditadas, e a rotina dos cubanos completamente modificada. “Estou tentando chegar ao trabalho, minha chefe me ligou duas vezes, mas expliquei a ela que é culpa do Obama”, divertia-se José Diaz.
A passagem de Obama pelo memorial rendeu a emblemática foto do presidente com a mão no peito, com a imagem de Che Guevara ao fundo, num dos prédios do governo na praça da Revolução.
Ida de Obama a memorial da Revolução rendeu foto emblemática
Foi uma visita bastante valiosa para cobertura fotográfica, mas para os repórteres, o que interessava mesmo estava por vir: uma coletiva de imprensa com Obama e Raúl Castro que aconteceria logo mais a tarde.
Já de volta a sala de imprensa, todos os televisores mostravam ao vivo as atividades de Obama. A lista da manhã do dia seguinte abriu justamente quando começou a transmissão ao vivo da coletiva. Ficamos iguais a baratas tontas sem saber o que priorizar. Por sorte, uma introdução grandinha deu tempo aos primeiros da fila, o que inclui a mim, se inscrever e voltar com tempo de assistir a coletiva.
Silêncio total, Obama e Raúl falavam ao vivo e nós tomando nota de cada vírgula. Quando perguntado por uma jornalista sobre direitos humanos e ao responder citando a igualdade de gêneros e de salários, algumas jornalistas levantaram o braço como quem diz “isso mesmo”, nos fez rir e pensar sobre o assunto.
Após a coletiva, tomei um táxi particular com colegas da imprensa colombiana e fomos a um hotel onde um representante do governo americano conversava com um representante do governo colombiano e outro representante das FARC. Encontramos o representante colombiano, que se deteve a falar protocolarmente que as negociações estavam avançadas e que a colaboração dos EUA era fundamental nesse processo.
A comitiva passou do lado de fora de onde estávamos e contamos: eram 12 carros que acompanhavam Barack Obama pelas ruas de Havana.
Já de volta a sala de imprensa, era preciso esperar até as 23h para saber os nomes que estariam na lista do discurso de Obama a população cubana, que seria feito a partir do Gran Teatro Alicia Alonso com transmissão ao vivo pela TV.
Eu era o número 16 de 26, os quais considero a partir de então meus números da sorte.
Terça, 22 de março
O check-in dos equipamentos começou as 7h30 e às 9h estávamos a postos dentro do teatro esperando pelo pronunciamento.
Podia-se notar a ansiedade nas mãos e nos rostos dos cubanos que estavam na plateia. Eram olhares atentos a todos os lados.
De repente, aplausos. Era Alicia Alonso, bailarina cubana que dá nome ao teatro, entrando no balcão do primeiro andar do teatro. Minutos depois, mais aplausos, esses, quase intermináveis. Era Raúl Castro entrando no mesmo balcão que Alicia. Com tantos aplausos, Raúl fez até uma graça, apontando o palco como quem quer dizer: “O protagonista de hoje estará no palco, não aqui em cima”.
Nita Ongaro/Opera Mundi
Obama discursa com bandeiras norte-americana e cubana ao fundo
Pontualmente as 10h, Obama entra no palco, onde as bandeiras de Cuba e dos EUA postas lado a lado servem de decoração do fundo preto.
Obama abriu o discurso falando dos atentados que haviam ocorrido naquele dia, em Bruxelas, e seguiu falando por cerca de 45 minutos. Ao final de cada frase, praticamente, era aplaudido. Mais ainda quando arriscava frases em espanhol. “Sí, se puede!”, foi a frase que encerrou o discurso, e fez com que toda a plateia levantasse em aplausos intermináveis. Obama saiu ovacionado ao som de “Guantanamera”.
Já de volta a sala de imprensa, descobrimos que os jornalistas que haviam ido ao teatro não conseguiriam chegar a tempo de subir nos ônibus que iam ao jogo de beisebol. Deu tempo de bater matéria, enviar fotos e sair correndo ao aeroporto, cobrir a despedida de Obama de terras cubanas.
Um cockpit foi montado para jornalistas e fotógrafos acompanharem da pista do aeroporto os últimos passos de Obama na Ilha.
Todos a postos, a comitiva de 12 carros pretos e blindados entrava no aeroporto. Obama estava com a mulher, Michelle, as filhas e a sogra, além de uma infinidade de políticos americanos. Raúl o acompanhou até a escada do avião. Conversaram por mais alguns minutos e Obama embarcou. Não sem antes fazer o famoso aceno na porta do avião aos fotógrafos, jornalistas e, claro, a comitiva cubana que o acompanhara durante os três dias.
Nita Ongaro/Opera Mundi
Steve e Peter já viram mais de 20 shows dos Rolling Stones nos últimos 40 anos
Quarta, 23 de março
Havana já estava quase voltando ao normal, não fosse a invasão de fãs da banda Rolling Stones nas ruas de Havana Vieja. Identificados facilmente pelas camisetas com a famosa boca com a língua de fora, cumprimentavam uns aos outros, querendo saber basicamente de onde vinham seus pares e quando haviam chegado.
Informações preciosas como o hotel em que a banda se hospedaria e lugares que provavelmente visitariam também eram temas recorrentes nas conversas.
Steve Wilkinson e o amigo Peter são ingleses e viajam o mundo atrás dos Stones. Eles já foram a mais de 20 shows nos últimos 40 anos. Steve vestia uma camiseta amarela, com a agenda de shows da banda pelo Brasil.
“Espero que este seja o último show da carreira deles, preciso trabalhar, cuidar dos meus netos”, brincou Steve.
Visitando Havana pela primeira vez, estava o holandês Tom Hauffman, que aproveitou a oportunidade para fazer turismo. “Esse show vai ser histórico, eu não podia perder, então pedi férias antecipadas no trabalho e vim para ficar dez dias.”
Uma programação de atividades dedicadas ao rock foi montada para receber os fãs do estilo musical.
Naquela tarde, fomos todos ao bar Submarino Amarillo, um dos poucos lugares destinados a shows de rock em Havana. Uma mesa formada por dois jornalistas cubanos e o cônsul da Inglaterra em Cuba discutia o rock britânico. A cada década discutida, Juanito Camacho, radialista cubano e um dos responsáveis por difundir o rock em Cuba, colocava uma música para ilustrar o período.
Eram 15h, mas ninguém se importava muito. “Mais um mojito, por favor”, era a frase mais repetida. Depois da conversa, um show com uma banda cubana de covers animava o lugar como se fosse noite de sexta-feira.
Tom Hauffman, da Holanda, aproveitou o show para fazer turismo em Havana
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Do lado de fora, grandes figuras da cena roqueira de Cuba confraternizavam comemorando “finalmente” um grande show de rock no país.
Vocalista da primeira banda de rock cubana, do começo dos anos 80, conta que não era fácil ser cubano e roqueiro. “As pessoas não entendem muito, é completamente diferente do que a maioria gosta”, conta ele, que é coberto por tatuagens e tem os cabelos compridos raspados nas laterais. “E eu me atraí pelo rock justamente quando era adolescente e queria ser rebelde, contra o gosto da maioria.”
Maria, produtora de shows de rock, e dona do extinto El Patio de Maria, o primeiro espaço roqueiro em Havana, se diz esperançosa para que outras bandas tomem o mesmo caminho dos Stones e desembarquem em Cuba em suas turnês. “Nós estamos conseguindo abrir um espaço para o rock aqui, pouco a pouco estamos crescendo e sendo reconhecidos. Cubanos também podem gostar de música boa”, decreta.
Agência Efe
Palco para show dos Rolling Stones é montado em Havana
Quinta, 24 de março
O dia mais tranquilo da semana, sem dúvida. Ufa. Os Stones só chegaram as 17h, o que me deu mais ou menos uma folga para passear – mas é claro que folga não serve para passear. E lá fomos nós a frente da Ciudad Deportiva, onde seria o show no dia seguinte.
Testes de som, pessoas tirando foto, mas nada realmente importante acontecendo. Constatei que sim, o palco montado era tão grande quanto o do show no Maracanã, em fevereiro, no Rio de Janeiro e que a mesma passarela que levava os músicos ao meio do público estava lá, prontinha pra levar os cubanos à loucura.
Hospedados no confortável Melia Habana, em Miramar, os Stones não saíram de seus quartos até as 23h. Claro, eles já não têm mais idade pra fazer farra, pensei. Que nada! Alguém me informa: eles vão daqui a pouco para a balada.
Correria em direção a Casa de La Musica de Miramar. Na entrada principal, uma lista de convidados proíbe qualquer nome desconhecido de acessar a boate. Na entrada de trás, um esquema de segurança incluindo seguranças particulares e polícia cubana confirmam: os Stones estão para chegar.
Ronnie foi o primeiro a entrar. Em seguida, Charlie chegou e não durou muito. Menos de meia hora, depois ele já estava saindo. Isso foi antes mesmo de Mick Jagger chegar, todo de preto, levando as 15 pessoas que o esperavam na porta de trás a uma gritaria que os fazia parecer 150.
Jagger saiu do carro e levantou as duas mãos imediatamente ao começar dos gritos. A menos de dois metros, parecia dizer: “ei, se acalmem, estou aqui.”
Após a chegada de Jagger, os seguranças baixaram guarda e os escandalosos fãns foram embora. Keith Richards não iria para a festa, o que decretava o fim da noite pra quem não entrou na festinha particular dos Stones.
Jagger parece ter gostado da Casa de La Musica cubana, tanto que até a citou durante o show do dia seguinte, enquanto agradecia a música que os cubanos deram de presente ao mundo.
Agência Efe
Público assiste ao primeiro show dos Rolling Stones na ilha de Cuba
Sexta, 25 de março
Chegou o grande dia. Café da manhã e almoços reforçados, já que estava claro que não veria mais comida até o dia seguinte.
“Você vai ver o show?”, perguntou o taxista. “Aproveita por mim, não poderei ir, estarei trabalhando”, concluiu. Nas conversas e nas camisetas, que se multiplicaram, só se falava do show de logo mais a noite.
As 14h, pontualmente, estava eu novamente na Ciudad Deportiva. Uma grade que separada a pista comum de uma pista para convidados, espécie de pista premium, surpreendia a quem chegava e nunca tinha ouvido falar da tal divisão.
“Estou chateada com essa divisão, cheguei de madrugada achando que ia ficar na grade do palco e a única coisa que consegui foi nessa grade de trás”, disse a cubana Nadia.
Para estar dentro da área VIP era preciso ter um convite especial, que foi distribuído a todos os professores e alunos das universidades cubanas, e para convidados do governo.
Além dos cubanos, os argentinos pareciam ser o segundo maior publico. Eles levaram faixas e cartazes e vestiam a camiseta da seleção argentina para serem facilmente reconhecidos. Ivan viajou com a mulher desde San Juan, perto de Mendoza, a Havana, especialmente para o show. Os dois tem uma marca de camisetas e criaram uma estampa que fazia sucesso: era Karl Marx dentro da boca com a língua de fora.
Nita Ongaro/Opera Mundi
Ivan e a esposa viajaram de San Juan, Argentina, a Havana só para ver o show
Muitos dos cubanos ali não se consideravam fãs do Rolling Stones, mas de rock. Era o caso de Raúl Valle, artista plástico que saiu de Sancti Spiritus, cidade a quatro horas de Havana, de ônibus com mais 30 amigos para ver o show. “A gente se reúne todas as quintas-feiras para ouvir rock, e achamos importante participar desse dia histórico.”
Cubanos vindos de Matanzas, Camaguey e Santiago de Cuba iam chegando apesar dos contratempos. “Nosso ônibus quebrou logo que saímos de Matanzas, aí tivemos de improvisar e viemos num caminhão”, conta Yander, explicando o uso do caminhão como se fosse um pau-de-arara.
Os repórteres, neste dia, não estavam menos confusos que durante a visita de Obama. As informações eram poucas e desencontradas. Por volta das 17h30, fui ao estacionamento onde estava marcado o encontro entre produção e jornalistas credenciados.
Eram duas as listas: uma aprovada pelos Rolling Stones, com cerca de 30 veículos e outra pelo Centro Internacional de Imprensa de Cuba, com 20 nomes. Eu estava credenciada pela segunda.
Depois de muita espera, a produção dos Stones não estava muito disposta a liberar a entrada dos credenciados pelo centro de imprensa cubano. Muita conversa depois, nos liberaram, mas com uma pulseira diferente, não de imprensa, mas de convidados do governo, o que nos dava acesso a tal pista premium.
Já do lado de dentro, fui atrás do acesso que eu tinha garantido, a área de imprensa e convidados da banda. Com uma pulseira que dava acesso a “tudo, só não subir no palco e cantar”, assisti parte do show entre a grade e o palco e parte na área de convidados da banda.
Era realmente uma posição privilegiada para ver a história ser escrita diante dos meus olhos. Eu, que já tinha ido a dois shows deles no Rio de Janeiro, há um mês, em fevereiro de 2016, e há dez anos, em fevereiro de 2006, fiquei impressionada com o que vi. O que estava acontecendo em Havana era único.
A emoção da banda era visível nas falas e nos movimentos deles. Keith Richards quase não conseguiu segurar a emoção. “Estar aqui, tocando em Havana, é incrível.”
“Sabemos como era difícil para vocês escutarem nossa musica no passado”, disse Jagger. “Mas esse show é sinal de que alguma coisa está mudando.”
Já no fim do show, voltaram com “You Can’t Always Get What You Want”, terminando, como de costume, com “Satisfaction”, estendida incontáveis vezes em acordes que faziam parecer que Ronie e Keith não queriam ir embora.
O público, claro, aproveitou cada segundo de bônus da última canção para gritar, cantar, pular e se abraçar, tudo ao mesmo tempo. Eu, que não sou boba, tratei de encontrar olhares mais familiares. Quando vi, estava abraçada a imprensa argentina e chilena, que chorava comigo.
A saída da Ciudad Deportiva foi tão tranquila quanto a chegada e nem mesmo os táxis, comumente difíceis de conseguir em eventos desse porte no Brasil foram um problema. Parece que os cubanos estão preparados para receber outros eventos deste porte. E com todo o carinho que lhes é peculiar, fazer se sentir em casa outros que, como os Rolling Stones, queiram entrar para a história.
Agência Efe
Mick Jagger e banda terminaram o show com 'Satisfaction', como de costume